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Presidente da FIFA acusado de violar o código de ética ao entregar Prémio da Paz a Trump

Gianni Infantino é acusado de ter violado o princípio da neutralidade política da FIFA. Episódios poderão resultar no pagamento de uma multa ou na proibição de participação em atividades relacionadas com futebol.

O presidente da FIFA, Gianni Infantino, foi acusado de violar repetidamente o princípio da neutralidade política da FIFA, devido a diversos comentários que fez sobre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A queixa foi apresentada na segunda-feira, no Comité de Ética da FIFA, e solicita uma investigação sobre o processo que levou Donald Trump a receber o Prémio da Paz, na passada sexta-feira, durante o sorteio do Mundial de 2026.

Infantino acusado de violar código de ética ao entregar prémio a Trump
Infantino acusado de violar código de ética ao entregar prémio a Trump Foto AP/Evan Vucci

A denúncia foi apresentada pela FairSquare, uma organização sem fins lucrativos conhecida pelo seu trabalho de defesa contra a repressão política e violações de direitos humanos contra trabalhadores imigrantes. Segundo o The Athletic, que teve acesso à queixa, a denúncia detalha quatro casos em que Gianni Infantino violou supostamente a obrigação de imparcialidade política estabelecida no artigo 15 do código de ética da FIFA: todos estão relacionados com o apoio público que o presidente da organização demonstrou a Donald Trump.

O primeiro ponto diz respeito à campanha pública de Infantino para apoiar Trump. A 9 de outubro, o presidente da FIFA falou sobre o papel de Trump no conflito em Gaza. "O presidente Donald J. Trump merece, sem dúvida, o Prémio Nobel da Paz pelas suas ações decisivas", lê-se. 

O segundo incidente ocorreu a 5 de novembro, quando Infantino participou no America Business Forum em Miami. Lá, ele defendeu o desempenho de Trump enquanto presidente dos EUA. Segundo a queixa, Infantino referiu-se ao republicano como "um amigo muito próximo".

O terceiro ponto diz respeito ao sorteio do Mundial de 2026, que ocorreu na passada sexta-feira, 5 de dezembro. A FairSquare alega que o vídeo em que a FIFA apresentou Trump como o vencedor do Prémio da Paz resultou na reprodução de narrativas por parte do norte-americano e da Casa Branca, e nas quais Trump é visto como alguém capaz de encerrar conflitos armados.

Ainda na fase do sorteio, o presidente da FIFA dirigiu-se a Trump ao dizer: "Isto é o que esperamos de um líder. O senhor certamente merece o Prémio da Paz da FIFA pelo seu trabalho e pelo que conquistou à sua maneira. Pode sempre contar com o meu apoio."

Por fim, o quarto incidente diz respeito a um breve vídeo que Infantino publicou na sua conta de Instagram a 20 de janeiro deste ano, no qual agradeceu a Trump pelo convite para o comício. Segundo a FairSquare, o vídeo termina com a frase: "Juntos não só tornaremos a América grande novamente, mas o mundo inteiro".

O documento cita ainda revelações do The Athletic, que indicam que nem o Conselho da FIFA nem os vice-presidentes foram consultados sobre a atribuição deste prémio, nem foram informados nos critérios de seleção.

Entre as sanções previstas pela FIFA para violações das suas regras estão multas ou até mesmo a proibição temporária ou total de participação em atividades relacionadas com futebol.

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