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Portugal está no Mundial e surge como a 4ª grande seleção europeia

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Qualificação foi carimbada contra a Arménia, no Dragão, um estádio-talismã da seleção. Portugal vai para a 14ª presença consecutiva em fases finais de Europeus e Mundiais e só Alemanha, França e Espanha fizeram melhor.

Frente à Arménia, Portugal até nem entrou bem, com um futebol previsível e de posse inconsequente, tendo, ainda assim, chegado ao 1-0 pelo central Renato Veiga aos 7 minutos (na sequência de um livre), mas sofreu logo a seguir (18 minutos) o impensável empate contra uma seleção que ainda só tinha marcado dois golos nesta fase de apuramento. Contudo, a equipa das Quinas iria resolver o jogo em apenas dois minutos: aos 28, Gonçalo Ramos aproveitou um erro na saída de bola da Arménia (intercetou o atraso para o guarda-redes e faturou); e aos 30, após uma recuperação de bola de Nelson Semedo e triangulações entre Vitinha e Bruno Fernandes, João Neves fez o 3-1 num belo remate de fora da área.

Portugal garante presença no Mundial 2026 após vitória no Estádio do Dragão
Portugal garante presença no Mundial 2026 após vitória no Estádio do Dragão AP Photo/Luis Vieira

Com 3-1 à meia hora de jogo, a partida estava resolvida (, com mais dois golos de João Neves, um de Francisco Conceição e um hat-trick de Bruno Fernandes, sendo dois dos golos de penálti), e Portugal encerrou assim esta fase de qualificação no primeiro lugar do grupo F, com 13 pontos, ficando em 2º a Irlanda, que neste domingo venceu de forma surpreendente a Hungria por 3-2 (o golo da vitória surgiu aos 90+6) e assim vai disputar o play-off de acesso ao Mundial de 2026, que se realiza nos EUA, Canadá e México (o sorteio será no próximo dia 5 de dezembro).

Portugal jogou no estádio do Dragão, um recinto que se tem revelado talismã para a seleção portuguesa, pois desde a sua inauguração, em 2003, apenas ali perdeu um jogo (o primeiro do Euro 2004, frente à Grécia, que ficou na história por ser o jogo onde Cristiano Ronaldo se estreou a marcar por Portugal). De resto, em 16 jogos de Portugal no Dragão, registaram-se 12 vitórias, três empates e a tal derrota de má memória com os gregos.

Portugal celebrou no Dragão a quinta qualificação para uma fase final, sendo a 4ª consecutiva. A primeira aconteceu com o apuramento para o Euro 2008 (bastou um 0-0 frente à Finlândia), seguindo-se os apuramentos para o Mundial 2022, o Euro 2024 e para a final four da Liga das Nações de 2024/25 (uma vitória por 5-1 contra a Polónia). Num ranking de estádios, neste século XXI, surge em 2º lugar o estádio da Luz, com três apuramentos ali celebrados. Em Portugal, a seleção festejou ainda em Aveiro (para o Mundial 2006), e em Braga (para o Euro 2016), havendo mais duas ocasiões em que se concretizaram apuramentos no estrangeiro: na Bósnia (Mundial 2010) e no Luxemburgo (Euro 2020).

Quanto à seleção portuguesa, que nesta partida frente à Arménia não pôde contar com Cristiano Ronaldo (expulso no jogo anterior, na derrota por 2-0 na Irlanda) - e estreou ainda Carlos Forbs, que tem estado a brilhar ao serviço do Club Brugge -, carimbou o apuramento para o seu 9º Mundial, sendo que desde 2000 que a seleção nacional não falha uma única competição - a última vez que não esteve numa fase final foi no Mundial de 1998, em França. E numa qualificação que, para muitos, terá sido mal sucedida graças ao árbitro francês Marc Batta, que aplicou uma expulsão inacreditável a Rui Costa quando Portugal vencia a Alemanha por 2-1 – o empate que nos tramou chegaria já com menos um.

No que concerne a Europeus, desde 1996 que a seleção nacional não falha um apuramento  – são já 8 seguidos. A realidade do futebol português mudou muito nestes últimos 30 anos, e a seleção deixou de ser apenas elogiada pelo seu estilo de futebol – Portugal era muitas vezes apelidado de Brasil da Europa – e passou a ter resultados, que se traduzem não só nos apuramentos mas também na conquista de títulos. E são já três, com o Euro 2016 à cabeça mas juntando-lhe ainda as Ligas das Nações de 2019 e 2025.

Como se salientou, a seleção portuguesa vai sempre a um Europeu ou Mundial desde 2000 – aí, numa prova que decorreu na Holanda e na Bélgica, Portugal só cairia nas meias-finais, frente à França, com a polémica mão de Abel Xavier no prolongamento a ditar um penálti concretizado por Zidane aos 117 minutos.

Portugal vai contabilizar, no próximo ano, a sua 14ª participação consecutiva em Europeus e Mundiais. Ou seja, na Europa só há três seleções com melhor desempenho: Alemanha, França e Inglaterra.

Numa altura em que o apuramento das equipas europeias ainda não está fechado (mas Inglaterra, Croácia e França já estão garantidas), o ranking de participações consecutivas em Europeus e Mundiais é liderado pela Alemanha, que não falha qualquer prova há 27 edições (a última vez em que não marcou presença foi no Europeu de 1968, que se realizou na Itália e tinha apenas meias-finais e final).

Surge depois a seleção espanhola (só não vai aos EUA se perder na Turquia por 7-0), que leva já 16 presenças consecutivas em fases finais, não falhando qualquer Europeu ou Mundial desde 1994 (não marcou presença no Euro 92, na Suécia, uma prova que ficou para a história pela chamada, à última hora, da Dinamarca, para substituir a Jugoslávia – afastada por causa da guerra nos Balcãs – e que acabaria por ser a vencedora improvável, batendo a Alemanha na final).

A fechar o pódio deste ranking surge a França, com 15 presenças (falhou o Mundial de 1994, nos EUA, aquele em que o Brasil de Romário e Bebeto chegou ao tetra, deixando em lágrimas os italianos e em especial Roberto Baggio, que na final atirou o seu penálti para as nuvens).

Com 13 presenças consecutivas em Europeus e Mundiais desde 2000 (e que no Mundial de 2026 passam a ser 14), Portugal deixa para trás, neste mesmo período de 25 anos, seleções europeias de topo como Inglaterra, Itália, Países Baixos, Bélgica ou Croácia.

Nesse mesmo período de 25 anos, a Inglaterra esteve em seis Europeus (falhou o de 2008) e seis Mundiais - mas para o de 2026 já está apurada. Já a Itália esteve em todos os sete europeus, mas falhou dois mundiais (2018 e 2022), ou seja, somou apenas um total de 11 presenças (duas a menos do que Portugal) - e a Itália deverá ter de disputar o play-off para seguir para o Mundial 2026, pois só se apura diretamente se ganhar por 9 golos de diferença à Noruega. Também a Croácia surge a par da Itália, tendo marcado presença em seis europeus e em cinco mundiais, não se apurando em 2010.

Pior fizeram os Países Baixos, com 10 apuramentos, tal como a Suíça, surgindo a seguir a Bélgica, a Dinamarca e a Polónia com 9, e depois a Suécia, com 8. Já a República Checa, esteve nesse período em sete europeus, mas não conseguiu ir a qualquer Mundial (o último foi em 1990, ainda como Checoslováquia), podendo ainda marcar presença em 2026, pois já assegurou a presença no play-off de qualificação.

Com seis presenças em grandes provas, neste século, estão a Turquia (esteve em cinco Europeus e num Mundial, o de 2002) e a Grécia - os helénicos, que surpreenderam o mundo ao vencer o Euro 2004, em Portugal, entraram em quatro Europeus e em dois Mundiais (os de 2010 e de 2014).

Refira-se ainda o desempenho de outras seleções europeias neste século XXI: a Áustria esteve em quatro Europeus, mas não foi a qualquer Mundial. O mesmo se passou com Eslováquia e Hungria, que marcaram presença em três edições de Europeus, mas este século ainda não chegaram a um Mundial (os magiares não vão desde 1986 e os eslovacos desde 1998). Já a Ucrânia, esteve em três europeus e num Mundial (2006). Saliente-se ainda a Roménia, que não vai a um Mundial desde 1998, mas entretanto marcou presença em três Europeus. 

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