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Pico de calor no verão provocou mais de 61 mil mortes na Europa

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 11 de julho de 2023 às 09:38
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A maior parte dos óbitos de 2022 ocorreram em países mediterrâneos, se considerarmos o número de mortos por um milhão de habitantes, Itália tem 265 mortes causadas pelo calor, segue-se Grécia (280), Espanha (237) e Portugal (211).

O calor extremo sentido no continente europeu no verão de 2022 originou 61.672 mortes prematuras em 35 países. Estes valores indicam um aumento de 41% de mortes atribuídas às altas temperaturas quando comparadas com o período entre 2015 e 2021.

REUTERS/Yves Herman

Os dados pertencem a um estudo publicado na segunda-feira naNature Medicine e reforçam que é necessário aumentar a "ambição e a eficácia dos planos de prevenção e adaptação ao calor com urgência", uma vez que é esperado que osrecordes de temperatura continuem a ser batidos.

Amortalidade prematura atribuída às temperaturas elevadasestá diretamente relacionada com picos de calor e é declarada quando ocorre uma morte que não teria ocorrido se as temperaturas se mantivessem dentro do esperado, refere o autor principal do estudo, Joan Ballester. Este tipo de mortes está muitas vezes associado à existência de outras doenças, nomeadamente cardiovasculares, por isso é que é mais comum entre os idosos.

O estudo em questão teve por base as mortes ocorridas entre 30 de maio e 4 de setembro de 2022 em 823 regiões de 35 países europeus onde vivem cerca de 543 milhões de pessoas. Foi possível verificar que a maior parte das mortes derivadas do calor se concentram em países mediterrânicos, só em Itália registaram-se 18.010 mortes, em Espanha 11.324 e em Portugal verificaram-se 2.212.

Este fator pode ser explicado por os países do mediterrâneo serem os mais quentes, se considerarmos o número de mortos por um milhão de habitantes a tendência mantém-se e a lista continua a ser encabeçada por Itália (265), segue-se Grécia (280), Espanha (237) e Portugal (211). A média europeia situou-se nos 114 mortos por milhão de habitantes.

Os investigadores analisaram os dados também tendo em conta o género e a idade. Foi entre a população mais idosa, acima dos 65 anos, que se registou uma mortalidade mais elevada, com a faixa etária dos 65 aos 79 anos a representar 36.849 mortes. Entre as mortes derivadas pelo calor 56% delas ocorreram em mulheres.

Este fenómeno também se verificou no verão de 2003, até agora o mais mortífero, durante o qual o calor provocou 71.449 mortes em apenas 14 países europeus.

Em Portugal a mortalidade prematura devida ao calor foi sentida especialmente nas regiões de centro interior e norte interior, já a Área Metropolitana de Lisboa foi onde existiu menos mortalidade.

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