Anos a fio a comer carnes maturadas – e sempre mal passadas –, um vício recente por tártaros, ceviches e outros crus potencialmente perigosos, experiências arriscadas com insectos na Madeira, a pior comida de sempre na Mongólia (que nem os cães locais conseguiu convencer), em suma, quase tudo o que me aparecia à frente… eu comia. Mais quatro anos a coabitar com duas gatas, a primeira vinda de um turismo rural alentejano com cães, campo e natureza variada, ambas a explorar um quintal com árvores de fruto e gatos que ocasionalmente o tentaram (e conseguiram) invadir. No fundo, lá bem no fundo, era como se a minha vida dissesse: "Vá, toxoplasmose, apanha-me agora, não me venhas estragar a gravidez com carne -só-bem-passada, legumes-e-saladas-o-melhor-é-em-casa e sushi -carpaccios-e-afins-evite-se-faz -favor." Nem assim. As análises eram clarinhas como água (e essa posso e devo beber à vontade): não há imunidade ao bicho. Ou melhor, ao parasita Toxoplasma gondii que causa uma infecção prejudicial ao feto e se apanha ao comer alguns alimentos crus ou mal cozidos e através do contacto com as fezes de gatos.
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