A igreja foi pequena para acolher todos os que quiseram assistir à missa de corpo presente, que começou às 16h00 desta quinta-feira e durou cerca de uma hora, durante a qual o padre fez questão de salientar que Belmiro de Azevedo "trabalhou muito para chegar onde chegou".
Depois da missa, que contou com várias personalidades ligadas à política, desporto, cultura e economia, seguiu-se uma cerimónia fúnebre exclusivamente reservada à família.
Marcelo: "Foi um homem singular"
Durante o dia foram muitas as pessoas que passaram na igreja para se despedir do empresário. Entre dezenas de funcionários de empresas da Sonae e amigos de Belmiro de Azevedo, estiveram no local o reitor da Universidade do Porto, Sebastião Feyo, o presidente do Futebol Clube do Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, o antigo presidente da administração da RTP Guilherme Costa, o director do Público, David Dinis, o diretor do colégio Efanor, João Trigo, o médico Sobrinho Simões, o antigo presidente da Universidade Católica do Porto, José Marquitos, que integrou a equipa formada na Sonae e de onde saíram o Público, a Rádio Nova e a produtora de vídeo Douro, José Roquette, antigo presidente do Sporting e, entre outros, o cantor Tony Carreira.
Fizeram ainda questão de marcar presença o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o antigo chefe de Estado Ramalho Eanes, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, o eurodeputado Paulo Rangel, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral.
Marcelo lembrou Belmiro de Azevedo, como um "homem singular e muito marcante na vida portuguesa" e um empresário que olhava sempre "largo e longe". "Estou aqui como pessoa e como Presidente da República, mas em particular como Presidente da República, porque foi um homem singular, foi muito marcante na vida portuguesa, praticamente durante toda a democracia, foram mais de 40 anos em que afirmou as suas qualidades invulgares de liderança, de determinação e de visão de futuro" disse aos jornalistas.
O chefe de Estado salientou que Belmiro de Azevedo olhava sempre "largo e longe", não se concentrando apenas na economia, mas empenhando-se na cultura, na educação, na solidariedade social, na comunicação social e na formação das pessoas.
"E, depois, com um estilo muito corajoso, não só fisicamente, mas psiquicamente corajoso, e este somatório de qualidades fizeram dele não só um grande empresário do Norte, mas um grande empresário nacional e internacional", sublinhou.
Mais do que um "traço, cultura e linhagem familiar", Belmiro de Azevedo deixou "um exemplo" para o país, considerou Marcelo Rebelo de Sousa.
"Quando arrancou, nos anos 70 e 80, que foi quando o conheci, [Belmiro de Azevedo] pensava no Portugal do fim do século ou do século XXI e ninguém pensava, eram poucos que pensavam assim e essa capacidade de ver mais longe, de ir mais longe, de querer fazer mais, e que nunca abandonou, foi sempre acompanhada de grande independência e coragem", referiu.
A morte aos 79 anos
O empresário Belmiro de Azevedo morreu na quarta-feira aos 79 anos, depois de décadas ligado à Sonae, onde chegou há mais de 50 anos e que transformou num império com negócios em várias áreas e extensa actividade internacional.
Sem tolerância para a incompetência ("não aceito, nem por um nonagésimo de segundo, que alguém menos competente mande em mim - só na tropa, por obrigação, e na vida civil por decisão de órgãos de soberania", disse citado numa biografia) e com afamada dedicação ao trabalho e a um estilo de vida "frugal", Belmiro de Azevedo deixa três filhos, Nuno, Paulo e Cláudia, também relacionados com a Sonae, grupo de cuja presidência saiu formalmente em 30 de Abril de 2015.
Tal como Belmiro de Azevedo, também a sua irmã Ana Augusta Azevedo, que estava internada no Instituto Português de Oncologia do Porto, morreu na quarta-feira e foi hoje a enterrar.
A missa de corpo presente de Augusta Azevedo realizou-se às 14h00, numa outra Igreja do Porto.