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Operação Éter: Presidente da Câmara de Viseu investigado por ligações a corrupção

25 de outubro de 2018 às 09:48
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Almeida Henriques nega ter sido questionado acerca do caso. Uma das linhas da investigação quer desvendar a sua relação com José Simões Agostinho.

As ligações entre Almeida Henriques, antigo secretário de Estado e actual presidente da Câmara Municipal de Viseu, e um dos detidos da OperaçãoÉterestão a ser investigadas pela Polícia Judiciária (PJ). As autoridades querem esclarecer se José Simões Agostinho, detido por suspeitas de corrupção e viciação de contratos dentro do Turismo do Porto e do Norte de Portugal, é um testa-de-ferro de Almeida Henriques.

O ex-secretário de Estado da Economia e Desenvolvimento Regional até 2013 indicou ao Jornal de Notíciasque está "estupefacto e indignado" com essa informação. Em Junho, o computador de Almeida Henriques foi alvo de buscas pela Polícia Judiciária cujos elementos, no fim, lhe disseram que não precisavam do seu telemóvel. O autarca garantiu ainda que nunca foi questionado acerca do caso.

Simões Agostinho é um empresário que controla várias empresas alegadamente favorecidas porMelchior Moreira, presidente do Turismo do Porto e do Norte de Portugal, para a instalação de lojas interactivas de turismo. As lojas só eram implementadas se fossem usadas aquelas empresas e estão sob suspeita 70 contratos realizados desde 2016.

Cinco pessoas foram detidas pela Polícia Judiciária (PJ) na quinta-feira, na operação com o nome de código Éter, que incluiu buscas em entidades públicas e sedes de empresas.

Em causa estarão ajustes directos realizados nos últimos dois a três anos que ultrapassam um total de cinco milhões de euros.

Segundo fonte policial, os ajustes directos eram concedidos por valores muito acima do mercado e, por vezes, sem que o serviço fosse prestado.

A investigação centrada no Turismo do Porto e Norte "determinou a existência de um esquema generalizado, mediante a actuação concertada de quadros dirigentes, de viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste directo", avançou a PJ na quinta-feira.

Com esse esquema, pretendia-se "favorecer primacialmente grupos de empresas, contratação de recursos humanos e utilização de meios públicos com vista à satisfação de interesses de natureza particular", referiu a polícia.

À Lusa, fonte policial disse que em causa estão crimes de corrupção, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influências, recebimento indevido de vantagem e participação económica em negócio em procedimentos de contratação pública no Norte do país.

Na operação policial realizaram-se 11 buscas, domiciliárias e não domiciliárias, nas regiões de Porto, Gaia, Matosinhos, Lamego, Viseu e Viana do Castelo, e estiveram envolvidos 50 elementos da PJ, incluindo inspectores e peritos informáticos, financeiros e contabilísticos.