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Deputados avaliam mina de urânio a céu aberto junto a Portugal

Mina de Retortillo será visitada por deputados da Comissão do Ambiente e Ordenamento do Território.

Uma delegação da Assembleia da República desloca-se a Retortillo (Espanha), hoje. Os deputados da Comissão do Ambiente e Ordenamento do Território pretendem avaliar os impactos da instalação de uma mina de urânio a céu aberto perto da fronteira portuguesa de Almeida, disse à agência Lusa fonte parlamentar.

"Há um risco de contaminação por via área e também fluvial, através da bacia hidrográfica do Douro, uma vez que todas as escorrências vão dar ao rio", disse à Lusa o deputado Pedro Soares (BE), que integra a delegação portuguesa composta ainda por Manuel Frexes, Berta Cabral, Emília Cerqueira (PSD), Maria da Luz Rosinha, José Manuel Carpinteira, Santinho Pacheco (PS), Patrícia Fonseca (CDS-PP), Paula Santos (PCP) e André Silva (PAN). Serão recebidos em Boada, às dez horas, pelo presidente da Câmara Juan Matías Garzón e pelo alcaide de Villavieja de Yeltes, Jorge Rodríguez. Outros políticos espanhóis, do PSOE e Podemos, entre outros, também se encontrarão com os portugueses.

Os deputados vão visitar o local onde a empresa (Berkeley) pretende fazer a exploração e manterão contactos com as autoridades locais.

O Governo português já pediu informação sobre a matéria, indicou o deputado, acrescentando que as autoridades espanholas não accionaram o mecanismo de avaliação ambiental partilhada.

"É uma situação idêntica à de Almaraz [central nuclear, junto ao rio Tejo, a cem quilómetros da fronteira com Portugal] , que levou o Governo português a fazer um protesto", explicou. 

Segundo o deputado, o Governo espanhol já fez a sua avaliação, mas as autoridades portuguesas não foram envolvidas.

"Estamos preocupados e temos recebido preocupações dos autarcas. A mina já está a ser instalada, já começaram a cortar árvores", afirmou Pedro Soares.

Daniel Navia, secretário de Estado da Energia, disse no dia 13 de Fevereiro que não havia "nenhum tipo de queixa do governo português devido à exploração mineira. O governo espanhol já deu uma autorização prévia ao projecto, em 2015, faltando ainda autorizações da Junta de Castilha e Leão e do Conselho de Segurança Nuclear (CSN). A segunda confirmação do governo espanhol só ocorre depois de recebida a informação do CSN.

A visita iniciou-se no domingo, com contactos com as autoridades portuguesas, prosseguindo em Espanha hoje.

"A Comissão de Ambiente foi contactada. Agora vamos analisar a situação e recolher toda a informação possível para depois, na Assembleia da República, podermos tomar mais iniciativas sobre esta questão", declarou.

O que é o urânio?

É um elemento essencial ao funcionamento das centrais nucleares. Em Retortillo, será explorado pela Berkeley, uma empresa anglo-australiana. A mina deverá produzir mais de duas toneladas de urânio por ano, durante 30 anos. A licença pode ser renovada por mais dois períodos de 30 anos.

Segundo a Associação Nuclear Mundial, as pessoas que trabalham nas minas de urânio sofrem uma exposição potencial a materiais naturalmente radioactivos, pelo que é necessário controlar os riscos.

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O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.