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Costa prefere contratar funcionários públicos a aumentar salários

13 de maio de 2018 às 10:29
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O primeiro-ministro insistiu ainda que não precisa da dramatização de Marcelo para dar prioridade aos incêndios.

O primeiro-ministro e líder do PS, António Costa, admite, numa entrevista hoje aoDiário de Notícias, discutir "no momento próprio" propostas de aumentos salariais na função pública, mas prefere usar eventuais folgas orçamentais a contratar funcionários públicos.

Esta posição contraria as pretensões dos parceiros do PS no apoio parlamentar ao Governo minoritário (PCP, BE e PEV), mas António Costa admite que, para o Orçamento do Estado de 2019, é necessário encontrar equilíbrios entre as várias posições, prometendo, porém, que continuarão a ser descongeladas as carreiras na função pública.

"Vamos ter de conseguir um equilíbrio entre aquilo que é a recuperação de rendimentos, que vai ter de prosseguir para os funcionários como para todos os portugueses, e preencher muitas carências que há na administração", afirma, referindo-se ao aumento de 350 milhões previstos no Programa de Estabilidade de aumento de despesa com o conjunto da administração pública.

De resto, o chefe do executivo lembra que, nos últimos anos, quem ganha o salário mínimo teve ganhos de 15%, assim como houve "uma redução muito significativa da carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho", um "aumento das prestações sociais complementares e dos abonos de família".

Quanto aos aumentos na função pública, acrescenta, "é um tema que será discutido seguramente na negociação no momento próprio" -- uma evolução relativamente ao ministro das Finanças que, numa reunião da concertação social, afastou esse cenário, na versão apresentada pelos sindicatos.

Numa resposta às reivindicações de comunistas e bloquistas, de maior investimento nos serviços de saúde, educação ou transportes, Costa diz que, para PCP e BE, a redução da dívida era também uma prioridade e faz uma advertência.

"Se voltássemos a aumentar o défice aumentávamos a dívida e voltávamos a pagar mais juros e em vez de termos mais dinheiro para investir nos serviços públicos estávamos a dar mais dinheiro à banca para pagar os juros da dívida", sintetiza.

Neste capítulo de investimento, recorda as contas dos últimos três anos com o Governo minoritário do PS, com o apoio da esquerda que resultou num aumento da despesa em 700 milhões de euros por ano no Serviço Nacional de Saúde, com mais 800 pessoas a trabalhar nesta área, ou ainda com "mais 4.000 professores no sistema educativo".

Na segunda parte da entrevista ao DN, António Costa aborda ainda temas europeus, afirmando que, por vezes, se diaboliza "excessivamente a posição da Alemanha", havendo "outros países que têm posições muitíssimo mais difíceis".

Já sobre o presidente francês, Emmanuel Macron, António Costa afirma que "tem representado uma grande força de energia para a Europa" e, inclusive, "ajudado muito a Comissão Europeia no debate sobre o futuro da Europa", além de dar "grande força a muitas das ideias" como as que "Portugal vinha defendendo sobre a reforma da zona euro".

Costa alerta que não precisa da dramatização de Marcelo para dar prioridade aos incêndios

O primeiro-ministro avisou, numa entrevista hoje ao DN, que não precisa de "estímulos suplementares" de Marcelo Rebelo de Sousa, a dramatizar uma recandidatura à Presidência, para motivar o Governo a dar "prioridade absoluta" no combate aos fogos.

Seis dias depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter admitido, numa entrevista ao Público e à Rádio Renascença, que uma nova tragédia como os incêndios do ano passado, seria "impeditivo de uma recandidatura", António Costa deu a resposta.

"Vamos lá ver, não precisava desse estímulo suplementar para a motivação do Governo em dar prioridade absoluta a este combate. Depois de toda a tragédia que aconteceu é claro que esta é a primeira das primeiras prioridades do país", garantiu na segunda e última parte da entrevista ao DN, hoje publicada.

Depois, na mesma resposta, o primeiro-ministro acrescenta que o que o Governo tem estado a fazer na prevenção para "evitar esta tragédia" -- morreram mais de 100 pessoas em 2017 -- é "mais um estímulo" ao executivo e para que o Presidente da República "se possa sentir livre de se recandidatar, se for essa a sua vontade".

Nesta parte da entrevista, Costa insistiu que "houve um consenso nacional" após os acontecimentos do ano passado para assumir este "dossier" dos fogos florestais como "a prioridade das prioridades".

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