Portas acusa o socialista de ser capaz de aproximar Portugal do problema grego por "solidariedade ideológica"
O vice-primeiro-ministro e presidente do CDS-PP defendeu esta segunda-feira que o Governo moveu-se pelo "interesse nacional" ao distanciar-se da Grécia, ao contrário de António Costa que teria deitado "fora os esforços dos portugueses" por "solidariedade ideológica".
Apontando contradições a António Costa face à Grécia, Paulo Portas defendeu que, se o líder socialista "fosse primeiro-ministro, mal o Syriza ganhou tinha corrido a fazer solidariedade ideológica e de caminho aproximava Portugal do problema, não separava o caso português dessa instabilidade, e deitava fora os esforços dos portugueses e da capacidade de os portugueses recuperarem os seus rendimentos".
Paulo Portas falava na abertura das jornadas parlamentares conjuntas de PSD e CDS-PP, em Alcochete, numa intervenção em que enumerou os responsáveis europeus que são socialistas e recomendando ao secretário-geral do PS que se queixe da política europeia, em primeiro lugar, a esses dirigentes que pertencem à sua família.
"Está em causa um projecto comum que tem de ter regras comuns. Se o PS quer outra política europeia relativamente à Grécia, deve, em primeiro lugar, queixar-se dos seus homólogos socialistas que por essa Europa fora têm dito coisas muito diferentes do que o PS tem dito em Portugal", declarou.
Portas insistiu muito na interrogação relativa ao que "Portugal teria a ganhar em associar o seu caso e o seu esforço a uma situação como a da Grécia, com a insegurança e a volatilidade que ela gera?"
"Nós não estaríamos a fazer bem aos portugueses, podíamos estar a fazer proselitismo ideológico, mas o interesse nacional tem de prevalecer sobre atitudes manifestamente partidárias", disse.
"Nós somos europeus e queremos que os gregos superem os problemas que têm, mas o nosso primeiro dever é com os portugueses, os portugueses esforçaram-se muito para vencer a bancarrota, não têm nenhuma vantagem em serem neste momento associados a um Estado que entrou em default e que tem as dificuldades que a Grécia tem", frisou.
Sobre a posição do PS, além de insistir no isolamento de António Costa ao pedir uma outra política europeia, quando o presidente do Eurogrupo é socialista, bem como Martin Schulz e o vice-presidente do BCE, Vítor Constâncio, e os chefes de governo de França e Itália, Portas responsabilizou o PS pela austeridade.
Citando uma frase de António Costa segundo qual Portugal não estaria como a Grécia por causa do PS, o presidente do CDS-PP provocou risos generalizados na sala e questionou: "Como? Perdão? Quem é que trouxe a troika para Portugal? Quem é que convocou austeridade? Quem colocou Portugal nas mãos do sindicato dos credores?".
Portas reiterou a ideia transmitida no domingo pela dirigente do CDS-PP Cecília Meireles, de respeito pela realização do referendo e dos seus resultados, que deve ser igual ao respeito pelas decisões democráticas tomadas pelos restantes países da zona euro e sobretudo uma ideia de responsabilização do governo grego em propor soluções, já que a consulta popular foi ao encontro do defendido pelo executivo de Alexis Tsipras.
"Manda a prudência perceber que os problemas da Grécia, os mais urgentes e estruturantes, são muito sérios. Esses problemas não desaparecem por magia", afirmou, considerando que "a fractura social e política é demasiado frágil, pelo que as euforias ideológicas parecem deslocadas, até porque a realidade corre risco de as desmentir".
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