Sábado – Pense por si

"Vou ser eu a substituir-me ao Ministério Público?", pergunta Costa sobre secretária de Estado

António Costa defendeu a sua nova secretária de Estado da Agricultura, explicando que quem é acusado é o seu marido e não Carla Alves. "Se não é acusada de nada, qual é o caso de ética? É ser casada com alguém que é acusado?", questionou António Costa.

António Costa recusa que haja qualquer motivo para pôr em causa a secretária de Estado da Agricultura, que tomou posse na quarta-feira. Na primeira vez em que falou do caso que foi hoje manchete do CM, Costa frisou que o Ministério Público (MP) "acusou uma pessoa e só uma pessoa".

João Cortesão/Cofina

O primeiro-ministro revelou ter questionado Carla Alves sobre o caso, tendo-lhe sido explicado que a conta conjunta arrestada não contém os rendimentos sob suspeita de terem tido origem em atos de corrupção e que não há qualquer suspeita sobre as declarações fiscais apresentadas pela nova secretária de Estado. "Não tenho outra alternativa se não acreditar", concluiu Costa, dizendo que não tem poderes para investigar.

Costa diz que no caso que envolve suspeitas de corrupção sobre o marido de Carla Alves, Américo Pereira, o Ministério Público "acusou uma pessoa e só uma pessoa", o ex-autarca de Vinhais, e não a atual secretária de Estado da Agricultura.

"Vou ser eu a substituir-me ao Ministério Público?", perguntou, numa resposta a Catarina Martins, a coordenadora do BE, que tinha atacado a "displicência" com que o primeiro-ministro escolhe a sua equipa governativa.

António Costa atacou mesmo Catarina Martins por considerar que esta estava a pôr em causa os direitos de uma mulher pelas ações do marido.

"Se não é acusada de nada, qual é o caso de ética? É ser casada com alguém que é acusado?", prosseguiu Costa, defendendo ser "uma conquista civilizacional" a noção jurídica de que a acusação criminal não é transmissível aos familiares do acusado.

"Não se combatem os populistas de direita sendo populista à esquerda", atacou Costa, levando Catarina Martins a pedir o direito à palavra para a defesa da honra, explicando que "como feminista" não se limita na crítica e que a sua intervenção era para questionar a ética de quem terá usufruído de proveitos obtidos de forma ilícita.

António Costa aproveitou ainda para puxar pelos galões do trabalho legislativo que fez no combate à corrupção, lembrando que é autor da lei que permite a medida de coação de que o marido da secretária de Estado da Agricultura foi alvo com o arresto preventivo de bens por causa da acusação de corrupção que sobre ele pende.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.