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Um dia com José Luís Carneiro: “Pode-se passar de bestial a besta em 24 horas”

Maria Henrique Espada
Maria Henrique Espada 02 de julho de 2023 às 10:00

António Costa avisou-o: devia tirar férias na Páscoa. Já ele avisou a família de que a qualquer momento pode deixar de ser ministro. Não larga os alertas no telemóvel, nunca levanta a voz e entrou na lista de “eventuais sucessores” – mas garante que é Costa quem ainda está “aí para as curvas”. A SÁBADO passou um dia (e mais umas horas) com o ministro da Administração Interna, da estrada ao gabinete.

São 10h30 da manhã, José Luís Carneiro vai para a fila na estação de serviço da A2, em Almodôvar, pagar um croissant e um galão, mais um café para uma assessora. O pequeno-almoço é tardio, mas já está ao serviço há umas horas. Levantou-se às 6h, para estar no aeroporto na partida da equipa de 140 elementos da proteção civil para o Canadá. Por entre umas dentadas, vai contanto o dia anterior, 13 de junho, que não foi melhor. Depois de quatro dias na Venezuela para as comemorações do 10 de Junho, chegou a Lisboa às 7h da manhã, com duas ou três horas de sono no avião, foi ao Porto ver a família - que se manteve a norte -, ainda almoçou com os filhos, que vieram da escola e para lá voltaram à tarde, jantou, voltou para Lisboa e chegou por volta da meia-noite. Não se pode dizer que não tenha sido avisado de que seria assim - ou pior - e "por António Costa", vai contanto enquanto entra no carro, a caminho de Faro. Quando o convidou para ministro da Administração Interna, há pouco mais de um ano, o primeiro-ministro deu-lhe três conselhos. O primeiro: "Sugiro que faça férias na Páscoa." Cumpriu, os incêndios de verão não são boa altura para qualquer MAI largar o serviço. O segundo: que percebesse que "desde que tira o pé de casa até que se deita todos os dias há uma imprevisibilidade muito significativa, por muita organização que haja há sempre fenómenos aleatórios". Por fim, terceiro conselho de Costa, e em função das conclusões da Comissão Técnica Independente após o incêndio de Pedrógão Grande em 2017: que evitasse ir às frentes dos incêndios, "para não criar problemas de concentração operacional". Seguiu os três e tem escapado, caso raro no governo, à avalanche de "casos e casinhos" - na expressão do próprio primeiro-ministro.

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