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Tancos: Azeredo Lopes soube do "essencial" do memorando mas só o viu quando se demitiu

07 de maio de 2019 às 16:11
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Azeredo Lopes apresentou a sua demissão em outubro de 2018, um mês depois de o diretor da PJM e a equipa que investigou o furto terem sido detidos. Está a ser ouvido esta terça-feira pelos deputados.

O ex-ministroAzeredo Lopesconfirmou esta terça-feira que foi informado do "essencial" do "memorando" da PJM sobre a recuperação do material furtado em Tancos em 2017 mas frisou que só o leu em 12 de outubro passado.

Ouvido na comissão parlamentar de inquérito ao furto do material militar de Tancos, Azeredo Lopes disse que leu pela primeira vez o documento da Polícia Judiciária Militar "em momento simultâneo" com a sua demissão, em 12 de outubro passado.

Contudo, o ex-governante ressalvou que foi "informado do essencial" do documento no dia 20 de outubro do ano anterior pelo seu ex-chefe de gabinete, general Martins Pereira, dois dias depois da recuperação do material furtado pela PJM, e que registou que havia um "informador" que impunha determinadas condições para revelar o local onde estava o material furtado.

"O que me foi transmitido ou nesse dia ou no dia a seguir, era que havia um informador que não podia ser identificado, e que essencialmente o que se tinha pedido era que estivesse alguém na margem sul para receber um telefonema com indicação do local onde se encontravam as armas", relatou.

Questionado sobre se o ex-chefe de gabinete lhe enviou o memorando que recebeu da PJM a 20 de outubro de 2017, Azeredo Lopes respondeu que não tem "nenhuma memória de alguma vez ter visto fisicamente este documento".

"Li-o em momento posterior ou em momento simultâneo à minha demissão. Fiquei confortado, porque considero que o meu chefe de gabinete, no contexto em que recebe a informação, me transmite o essencial do que era importante que eu conhecesse", acrescentou.

José Azeredo Lopes disse que não tinha conhecimento de qualquer "investigação paralela" da Polícia Judiciária Militar e sem comunicação ao Ministério Público.

"Eu não sabia que tinha sido omitido a participação à Polícia Judiciária. (… ) era difícil eu ter consciência dessa ausência de colaboração porque o comunicado [da PJM, no dia da recuperação do material, a 18 de outubro de 2017] invoca informação dada ao DCIAP [Departamento Central de Investigação e Ação Penal].

Azeredo Lopes disse que quando foi informado, através do general Martins Pereira, que o material tinha sido recuperado, "ficou muito satisfeito".

O então diretor da PJM, coronel Luís Vieira, "vai ao ministério [da Defesa] e diz sucintamente que o material tinha sido recuperado na Chamusca e eu fico muito satisfeito", relatou.

Depois, a questão passou a ser saber "quem ia dizer o quê", disse, acrescentando que recusou "categoricamente" que fosse o Ministério da Defesa a divulgar a recuperação do material furtado.

Azeredo Lopes disse que na altura referiu que se o comunicado fosse feito pela PJM, não via "inconveniente" em que alguém do seu gabinete "visse isso" com o objetivo de assegurar uma correta comunicação.

"O comunicado não foi obviamente condicionado nem influenciado pelo Ministério da Defesa Nacional", disse o ex-ministro.

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