Do lado esquerdo do quartel, o "restaurante" foi improvisado com mesas e cadeiras de plástico, de cor vermelha e branca, é aí que alguns dos operacionais que combatem o incêndio que deflagrou na sexta-feira tomam uma refeição.
Às 22h30 desta terça-feira, o espaço ainda estava repleto de bombeiros, elementos da Guarda Nacional Republicana (GNR), da Protecção Civil, do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), da Segurança Social ou militares.
Ao lado funciona o "centro de logística", que contava àquela hora com quatro elementos da Câmara Municipal de Monchique e dois voluntários.
É aí que são fornecidas as refeições: a quem quer sentar-se um pouco na "sala de jantar" ou a quem vem só buscar para levar aos colegas que estão no terreno a combater as chamas.
"Só hoje [esta terça-feira] servimos 2.600 refeições. 1.300 ao almoço e 1.300 agora ao jantar", disse àLusaa vice-presidente da autarquia, Arminda Andrez.
Cada "kit" é composto por uma refeição quente, uma a duas peças de fruta, água e sumo e por um "suplemento" para as horas seguintes, onde segue uma sandes, um sumo, uma peça de fruta e uma barrita de cereais.
O processo vai-se repetindo à hora de almoço e à hora de jantar. Por perto acumulam-se caixas de frutas e de outros alimentos, como queques, croissants embalados, bolachas ou leites achocolatados, usados para distribuir durante o pequeno almoço e nos suplementos. A maior parte são donativos de hipermercados, associações, paróquias ou particulares.
"Durante o fim de semana passado, o calor foi tanto aqui dentro que as águas e os sumos quase 'ferviam'", contou a autarca. A solução veio de talhos da região, que disponibilizaram duas carrinhas frigoríficas, onde agora ficam armazenados todos os líquidos.
O incêndio em Monchique não tem deixado a autarca praticamente dormir. Nos últimos cinco dias foi à cama "cerca de sete horas".
O mesmo tem acontecido a Mara, de 27 anos, que está a ajudar no "centro logístico": "Desde sábado, durmo duas horas e depois volto para aqui".
Natural de Monchique, a "voluntária" relatou àLusaque os familiares tiveram de ser retirados de casa e que se encontram agora "em segurança", em Portimão. "A família foi e está segura. Aqui precisavam de ajuda, por isso decidi ficar. A logística é enorme", disse.
O incêndio rural que lavra desde sexta-feira em Monchique afecta também os concelhos de Silves e Portimão, igualmente no distrito de Faro, tendo destruído casas e muitas viaturas. Há 31 feridos ligeiros e um ferido grave, com prognóstico favorável.