Chamar a este projeto de “corredor da paz” enquanto se inscreve o nome de Trump é uma jogada de comunicação que consolida a sua imagem como mediador global da paz.
Não estava no bingo de 2025 que o mundo assistisse ao fim de um conflito de décadas: a Arménia e o Azerbaijão assinaram, na Casa Branca, um acordo de paz. Sabendo que o Cáucaso não é a zona mais mediática — até porque a maior parte dos norte-americanos não deve saber identificar a região no mapa —, Washington teve de optar por transformar a política externa num espetáculo de comunicação.
Há muito que a diplomacia já não se faz à porta fechada e este episódio é a prova disso mesmo. O acordo, firmado este mês e com duração de 99 anos, prevê a criação de um novo corredor que liga o Azerbaijão ao seu exclave, passando pela Arménia. O nome dado ao projeto é TRIPP — Trump Route for International Peace and Prosperity. E isso já diz tudo.
Chamar a este projeto de “corredor da paz” enquanto se inscreve o nome de Trump é uma jogada de comunicação que consolida a sua imagem como mediador global da paz. Portanto, nada mais é que um projeto de branding político cuidadosamente construído em cima de um conflito. Trump coloca-se no centro da narrativa e transforma a diplomacia num ativo de imagem com validade de quase um século.
Mas o nome perpetuado em mais de 40 quilómetros não é a única estratégia: a fotografia do aperto de mão entre Pashinyan, Primeiro-Ministro da Arménia, e Aliyev, Presidente do Azerbaijão, percorreu o mundo em segundos. Sinal de reconciliação depois de décadas? Talvez. Mas, mais do que isso, assistimos a uma diplomacia performativa: Trump também participou naquela que será uma das fotografias mais importantes desta década. Ficou clara a intenção de se posicionar como o responsável pela salvaguarda da prosperidade na região. E do Cáucaso até ao Médio Oriente é um passinho.
Como na comunicação política um gesto gravado na mente das pessoas vale tanto quanto um acordo assinado, a fotografia do momento ganhou destaque internacional. Porém, para quem se questiona, existem “pequenos pormenores” pendentes nas negociações: ninguém sabe qual o destino dos deslocados arménios, nem em que estado fica a situação de Nagorno-Karabakh, nem como vão os líderes políticos resolver as tensões étnicas que originaram tantos conflitos armados entre os territórios ao longo dos anos.
Mas Trump tinha ainda outro grande objetivo para baralhar as relações internacionais e afirmar o poder diplomático norte-americano: deslegitimar os “parceiros de paz”. De um lado, a Rússia foi ignorada nas negociações apesar da sua influência (e interferência) na região. Assim, Putin sai de cena como derrotado mesmo estando a jogar em casa. E, por outro lado, foi possível humilhar também a Europa, mostrando ao mundo que os EUA conseguiram fazer aquilo que o Grupo de Minsk da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa nunca conseguiu: estabelecer a paz na região.
Os EUA assumem, assim, o palco no Cáucaso com um protagonismo que não se limita à diplomacia: é uma operação de reposicionamento global, com impacto tanto geopolítico quanto reputacional, em que cada movimento foi pensado para reforçar uma narrativa de liderança norte-americana e, claro, de liderança e ego pessoal de Trump.
O TRIPP não é só um corredor físico de paz, é um corredor narrativo que molda perceções, cria legitimidade e atribui poder simbólico aos EUA. E parece que já está a dar os seus frutos: o Presidente dos EUA tem o apoio oficial do Azerbaijão para uma possível candidatura ao Nobel da Paz.
Com campanha de branding em pleno Cáucaso, Trump procura o Nobel da Paz?
Seria bom que Maria Corina – à frente de uma coligação heteróclita que tenta derrubar o regime instaurado por Nicolás Maduro, em 1999, e herdado por Nicolás Maduro em 2013 – tivesse melhor sorte do que outras premiadas com o Nobel da Paz.
“S” sentiu que aquele era o instante de glória que esperava. Subiu a uma carruagem, ergueu os braços em triunfo e, no segundo seguinte, o choque elétrico atravessou-lhe o corpo. Os camaradas de protesto, os mesmos que minutos antes gritavam palavras de ordem sobre solidariedade e justiça, recuaram. Uns fugiram, outros filmaram.
É excelente poder dizer que a UE já aprovou 18 pacotes de sanções e vai a caminho do 19º. Mas não teria sido melhor aprovar, por exemplo, só cinco pacotes muito mais robustos, mais pesados e mais rapidamente do que andar a sancionar às pinguinhas?
Um bando de provocadores que nunca se preocuparam com as vítimas do 7 de Outubro, e não gostam de ser chamados de Hamas. Ai que não somos, ui isto e aquilo, não somos terroristas, não somos maus, somos bonzinhos. Venha a bondade.
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Seria bom que Maria Corina – à frente de uma coligação heteróclita que tenta derrubar o regime instaurado por Nicolás Maduro, em 1999, e herdado por Nicolás Maduro em 2013 – tivesse melhor sorte do que outras premiadas com o Nobel da Paz.
É excelente poder dizer que a UE já aprovou 18 pacotes de sanções e vai a caminho do 19º. Mas não teria sido melhor aprovar, por exemplo, só cinco pacotes muito mais robustos, mais pesados e mais rapidamente do que andar a sancionar às pinguinhas?
“S” sentiu que aquele era o instante de glória que esperava. Subiu a uma carruagem, ergueu os braços em triunfo e, no segundo seguinte, o choque elétrico atravessou-lhe o corpo. Os camaradas de protesto, os mesmos que minutos antes gritavam palavras de ordem sobre solidariedade e justiça, recuaram. Uns fugiram, outros filmaram.