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Opus Dei reporta cinco casos de abusos sexuais de menores

Alguns dos casos reportados terão decorrido no Colégio Planalto. Instituição considera situações "gravíssimas" e garante a "abertura de investigações internas" sempre que se vê confrontada com denúncias.

Numcomunicado, publicado esta sexta-feira, o Opus Dei relata ter recolhido testemunhos que dão conta de pelo menos cinco casos de abusos sexuais de menores no seio da instituição. Os dados surgem na sequência do relatório elaborado pela Comissão Independente para oEstudo dos Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católicaem Portugal.

O documento dá conta de que, um dos casos reportados terá sido denunciado há cerca de três anos ao coordenador da proteção de menores da prelatura. A vítima alega ter "recebido numa ocasião toques impróprios por parte de um dos monitores durante uma atividade de tempos livres de uma das instituições para rapazes a que a Prelatura presta assistência pastoral", no ano de 1997.

O departamento de comunicação do Opus Dei esclarece que contactou a instituição em causa, que avançou com uma "investigação interna que não foi conclusiva" e que "notificou o Ministério Público que decidiu pelo arquivamento". Ainda assim, garante que optou pelo que considera ser uma medida preventiva, tendo impedido o acusado de realizar atividades com jovens.

"[Quando tomou conhecimento dos alegados casos] a direção de então entrou em contacto com a vítima, disponibilizou apoio para acompanhamento e escuta, e insistiu na formalização de uma queixa. O antigo aluno considerou dispensável qualquer destas medidas. Nessa ocasião, foram feitas outras indagações, e não se conseguiu nenhuma informação para denúncia"

Um segundo caso "diz respeito a um clérigo" que terá feito "perguntas consideradas impróprias numa confissão, sentidas como intrusivas, nas instalações do Colégio Planalto", durante o ano de 2000.

Já os outros três casos terão ocorrido na mesma instituição de ensino, mas perpetuadas por cidadãos não pertencentes ao clérigo no âmbito da ação educativa - estabelecimento da Cooperativa Fomento de Centros de Ensino - que tem uma parceria com a Prelatura para a assistência religiosa católica das suas escolas.

Num deles, "a pessoa referida no caso ocorrido nos inícios do Colégio deixou de pertencer ao Opus Dei alguns anos depois (...) não havendo registo de a Prelatura ter recebido qualquer informação". Outra situação terá ocorrido nos finais dos anos 80 o que, de acordo com a instituição religiosa, "impede identificar o responsável". Já em relação à terceira, não terá chegado qualquer denuncia à Prelatura porém, de acordo com o texto, "o suspeito depois de deixar o colégio não esteve mais em contacto com menores".

"Se todo o abuso sobre menores é gravíssimo, onde quer que se faça e por quem quer que o realize, mais grave é se for praticado por um cristão. Por isso, um cristão do Opus Dei que cometesse esse crime teria de responder perante a justiça e as autoridades civis, reparar os danos, pedir perdão às vítimas, implorar o perdão de Deus, fazer uma profunda e exigente conversão de vida, e ver em que medida esse comportamento afeta a sua pertença à Prelatura".

Em comunicado, o Opus Dei reforça que "dá o máximo relevo a qualquer facto respeitante a esta matéria", tendo por norma a abertura de investigações internas sempre que suspeito é "um membro do seu clero, ou um leigo quando actua, ao serviço e sob a supervisão do Opus Dei, em atividades de formação e oração que são o núcleo da ação da Prelatura". Esclarece ainda que contactou a Comissão Independente para recolher informações de forma a "agir no apoio às vítimas, na reparação do mal cometido e na prevenção radical de qualquer possibilidade de situação similar".

"Queremos voltar a manifestar a solidariedade com as vítimas, o desejo de contribuir para superar feridas e compensar os danos causados. É profunda a tristeza pela ocorrência destas situações, e é devida uma palavra de reconhecimento às pessoas que falaram, esperando que isso tenha significado um passo bom na recuperação das suas vidas".

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