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Nuno Melo: "Extrema-esquerda manda mais do que nos tempos do PREC"

09 de setembro de 2017 às 19:55
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O vice-presidente centrista, Nuno Melo, defendeu a importância de existir um CDS forte para agir como "a voz dos democratas"

O vice-presidente centrista Nuno Melo defendeu hoje que nunca foi tão importante que o CDS seja forte, reclamando ser "a voz dos democratas" perante um PS que deu à extrema-esquerda mais poder do que no PREC.

"Quando o PS perde o bom senso, o espaço político no centro de direita tem de passar a ser o referencial de democracia, onde antes o PS também esteve. Se o PS dá hoje, com a capacidade de fazer leis e exercer o poder, a mão a comunistas e bloquistas, cá estamos nós a ser a voz dos democratas em Portugal", defendeu Nuno Melo.

O dirigente e eurodeputado centrista, que falava na Convenção Autárquica Nacional do CDS, em Lisboa, disse que, actualmente "a extrema-esquerda manda muito em Portugal, manda mais do que nos tempos do PREC [Processo Revolucionário em Curso]".

"Nos tempos do PREC era mais violenta, expressiva, assaltava empresas, ocupavam herdades, mas tinha contra si todo o firmamento democrático, PS também que, diga-se, esteve do nosso lado", afirmou, contrapondo que actualmente "não ocupam herdades nem empresas, mas em compensação fazem leis".

"Temos hoje um imposto que é chamado de Mortágua, por alguma coisa será, naquela que é uma das funções soberanas primeiras do Estado", sublinhou, numa referência ao adicional de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI).

Nuno Melo aproveitou a referência ao apelido da deputada e dirigente do BE Mariana Mortágua para atacar pessoalmente o seu pai, Camilo Mortágua, que participou no assalto ao navio Santa Maria, entre outras acções contra a ditadura, e, no pós-25 de Abril, esteve na ocupação e organização cooperativa da herdade ribatejana da Torre Bela.

"Camilo Mortágua fez uma vida a ocupar as herdades dos outros, não sei se hoje paga o imposto a que deu o nome. Sei, ao que parece, que é dono de uma herdade lá para o Alentejo, não me consta que a partilhe com ninguém", disse Nuno Melo.

No seu discurso, Nuno Melo insistiu na ideia de que "nunca como agora foi importante que o CDS fosse forte, porque nunca como agora a extrema-esquerda mandou tanto em Portugal e nunca como agora, desde 1974, o PS teve tão pouco senso politicamente".

Sempre relacionando o PS com os partidos que dão apoio parlamentar ao Governo, Melo atacou a presença na Festa do Avante! do dirigente e secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos.

Referindo-se a delegações da Venezuela e da Coreia do Norte na festa comunista, o dirigente do CDS condenou que o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, tenha responsabilizado os Estados Unidos, "um país amigo e aliado" de Portugal, por uma "perigosa escalada de violência".

"Na comitiva estavam governantes socialistas, um deles é até secretário de Estado dos assuntos parlamentares, que condescendeu e calou. Que imensa vergonha", declarou.

O vice-presidente do CDS responsabilizou ainda o PCP pela situação na empresa Autoeuropa, que já tinha sido referida anteriormente na convenção pelo líder parlamentar, Nuno Magalhães, que é eleito por Setúbal.

"O PCP, extraordinário a enterrar empresas produtivas em Portugal desde 1974, tentou de novo a sua sorte na Autoeuropa, convencido de que é sobre os escombros que há de construir a sociedade socialista, à custa da desgraça de muitos, do desemprego e do subdesenvolvimento", disse.
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