A CDU passou de 19 para 12 câmaras municipais, mas conseguiu manter alguns dos seus bastiões mais importantes e João Ferreira saiu reforçado.
Foi uma noite de emoções fortes para a CDU, que, apesar de ter sido considerada por Paulo Raimundo como negativa, conseguiu manter-se como a terceira força autárquica, liderando 12 câmaras.
Paulo Raimundo discursa após resultados das autárquicasJOÃO RELVAS/LUSA
Já madrugada dentro, João Ferreira desceu à sala que estava preparada para a conferência de imprensa do antigo Hotel Vitória, um sinal da noite de incertezas que os comunistas viveram. Aos jornalistas, o candidato em Lisboa afirmou que os resultados foram o reconhecimento “de uma campanha distintiva” que procurou “discutir os problemas da cidade e apresentar soluções”.
A longa espera fez com que alguns dos apoiantes acabassem por abandonar o Hotel Vitória, especialmente os mais velhos. No entanto cerca de uma centena ficou mesmo à espera do discurso de João Ferreira e o número de presentes no bar deste antigo hotel aumentou bastante depois de Paulo Raimundo acabar a sua declaração na sede de campanha nacional. Por vezes abafado pelas palmas que se batiam e pelos gritos de ordem “A luta continua” ou “CDU!”, o vereador considerou que o resultado da coligação de Carlos Moedas “marcará negativamente a evolução da cidade”. Um dos pontos mais questionados durante a conferência de imprensa foi a decisão da CDU de avançar sozinha para as eleições na capital e se afastar do resto da esquerda, unida na coligação encabeçada por Alexandra Leitão, decisão que já tinha sido criticada por outros membros da esquerda – incluindo o ex-secretário-geral do PS Pedro Nuno Santos que foi responsável por escolher grande parte dos candidatos autárquicos. A realidade é que os votos da coligação de Alexandra Leitão e da CDU, juntos, teriam sido suficientes para impedir a reeleição de Carlos Moedas.
João Ferreira defendeu esta posição e demarcou-se de qualquer responsabilidade da derrota da esquerda ao considerar que o resultado da coligação de esquerda foi “inferior à soma das partes” dos resultados que os partidos da coligação tiveram nas autárquicas de 2021, ou seja, os resultados da coligação liderada por Alexandra Leitão são inferiores à soma dos votos no PS, Livre, Bloco de Esquerda e PAN nas últimas eleições. Assim sendo, João Ferreira garantiu: “Se têm de se queixar de alguém? Só de si próprios”.
Em Lisboa e apesar de ter aumentado o número de votos, a CDU era, quando faltava apenas apurar o Lumiar, a quarta força política, atrás da coligação de Carlos Moedas e de Alexandra Leitão, mas também do Chega. João Ferreira assumiu também a responsabilidade de fazer oposição: “Aquilo que a cidade será nos próximos anos será também resultado da oposição”.
O comunista afirmou que “Carnide continuará a ser CDU”, anúncio que arrancou uma das maiores ovações da noite, até porque esta noite já tinha sido avançado que a coligação de Carlos Moedas tinha sido capaz de destronar a última junta de freguesia que a CDU liderava na cidade. A esta hora, 1h45, estão contados 61,95% dos votos e a CDU encontra-se em primeiro lugar com 41,65% dos votos.
Enquanto aguardavam pelos resultados destas eleições, os apoiantes da CDU juntaram-se no bar da sede nacional do PCP e entre comes e bebes as vitórias, por mais pequenas que fossem, iam sendo celebradas. Um dos principais temas da noite foi como os resultados não estavam a ser tão maus como o previsto por alguns jornalistas e comentadores e os resultados eleitorais do Chega. Uns afirmavam que o partido de André Ventura foi o grande derrotado da noite, especialmente tendo em conta as expectativas existentes, outros falavam da forma como o partido se "infiltrou" nos bairros sociais para roubar votos à esquerda.
O discurso de Paulo Raimundo foi um dos momentos altos da noite. Apesar do secretário-geral do PCP se encontrar na sede da campanha nacional, noutro hotel em Lisboa, foi aplaudido por aqueles que se encontravam no Hotel Vitória quando afirmou que os resultados destas eleições iriam “impactar negativamente” a governação local e quando saudou os “conjuntos de resistência” que ainda se mantém pelo País. No final, os apoiantes gritaram: “A CDU avança, com toda a confiança”.
A coligação formada pelos comunistas e pelos verdes perdeu algumas das suas câmaras mais importantes como Évora, Monforte ou Setúbal, onde não só perdeu a liderança como passou a ocupar o quarto lugar. Ainda assim, a CDU conseguiu algumas novas câmaras como é o caso de Montemor-o-Novo, Sines e Mora.
Em 2021, conquistou 19 câmaras municipais, o que já tinha sido o valor mais baixo de sempre para a coligação, que em 1982 atingiu o seu auge com 55 autarquias.
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