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Músicos, pintores e líderes sindicais. Quem são os candidatos presidenciais "desconhecidos"

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Há três candidatos com irregularidades, principalmente falta de assinaturas. Joana Amaral Dias só apresentou 1.575 das 7.500 assinaturas necessárias.

As eleições presidenciais de 18 de janeiro de 2026 irão constar pelo menos 11 candidatos no boletim de voto a disputar aquela que é a maior corrida da história a Belém. O recorde supera os dez registados nas eleições de 2016 que deram a vitória e o primeiro mandato a Marcelo Rebelo de Sousa. 

Conheça os candidatos presidenciais desconhecidos
Conheça os candidatos presidenciais desconhecidos Lusa

O sorteio da ordem dos candidatos no boletim de votos decorreu esta sexta-feira, dia 19, no Tribunal Constitucional (TC) depois de terminado o prazo de entrega das candidaturas. Apesar de ainda ser necessário validar os documentos e as assinaturas recolhidas, encontram-se na corrida 14 candidatos. 

Segundo um , existem 11 candidaturas “em condições de serem admitidas”, a de Gouveia de Melo, Marques Mendes, António Filipe, Catarina Martins, António José Seguro, Humberto Correia, André Pestana, Jorge Pinto, Cotrim Figueiredo, André Ventura e a do músico Manuel João Vieira. O que significa que Joana Amaral Dias, José Cardoso e Ricardo Sousa, foram notificados a fim de corrigir irregularidades. 

José Cardoso foi notificado para, no prazo de dois dias, entregar as assinaturas exigidas, tendo conseguido apenas 7.265 das 7.500 necessárias. A Joana Amaral Dias faltam o certificado de nacionalidade portuguesa originária e o documento comprovativo de que “está no gozo de todos os direitos cívicos e políticos”. Ainda, o número de assinaturas ficou muito abaixo do mínimo exigido, tendo conseguido apenas 1.575 declarações, faltando quase 6 mil. Também Ricardo Sousa não tem o número de assinaturas legalmente requeridas, sendo que “apenas se encontram regularmente instruídas” 3.761 declarações de cidadãos eleitores. 

José Cardoso
José Cardoso TIAGO PETINGA/LUSA

José Cardoso, antigo membro da IL tornado líder do Partido Liberal Social

Antigo membro da Iniciativa Liberal (IL) e atual líder do Partido Liberal Social, José Cardoso, diz que a sua afirmar “as ideias do liberalismo social”, considerando as eleições uma “boa oportunidade de mostrar como é que um presidente liberal social poderia dar um contributo significativo para o desenvolvimento do país”.

Em 2023 candidatou-se à presidência da IL contra Rui Rocha e pouco depois da derrota criou o Partido Liberal Social. Com 54 anos e nascido em Moçambique, Cardoso só entrou na política em 2019 com a sua adesão à IL. Dentro do partido foi crítico de João Cotrim Figueiredo e da sua liderança. 

Considera-se um “liberal, ecologista e minimalista”, acredita que “cada um deve ter o controlo das suas opções de vida” quer que a “humanidade encontre equilíbrio com os ecossistemas que a rodeiam” e ao longo da vida percebeu que “quanto mais simples forem as coisas, menos pressão exercem”. Atualmente dirige uma empresa de comércio eletrónico “com atividade em vários países da Europa” e presta serviços de gestão de projetos de e-commerce a clientes.  

Joana Amaral Dias concorre à Presidência da República Portuguesa
Joana Amaral Dias concorre à Presidência da República Portuguesa Tiago Petinga/LUSA_EPA

Joana Amaral Dias, a psicóloga com um passado bloquista

Joana Amaral Dias, a psicóloga com um percurso extenso na política anunciou a sua candidatura no dia 10 de junho com o apoio do partido Alternativa Democrática Nacional (ADN). Considera ser uma alternativa a um país que acredita estar “aturdido, desorientado, cabisbaixo, desnorteado” e “sem presente ou futuro”. 

Joana Amaral Dias ganhou notoriedade enquanto deputada do Bloco de Esquerda entre 2002 e 2005 do qual se demitiu em 2014. Em 2006 apoiou a candidatura de Mário Soares à presidência da república da qual foi mandatária para a juventude. Em 2015 constituiu o grupo político AGIR e concorreu às eleições legislativas do mesmo ano sob uma coligação entre o PTP e o MAS. Em 2017 foi candidata à Câmara Municipal de Lisboa pelo partido Nós, Cidadãos!. Recentemente a comentadora política também foi cabeça de lista nas eleições europeias, legislativas e candidata nas autárquicas pelo ADN. 

Durante o COVID foi uma das críticas das vacinas e o uso de máscaras e tem sido uma figura polémica. Em novembro o Correio da Manhã revelou que o ADN paga uma avença mensal a Joana Amaral Dias no valor de quatro mil euros pagos à empresa do seu marido.

Ricardo Sousa
Ricardo Sousa Ricardo Sousa/Facebook

Ricardo Sousa, o “homem do norte” que prioriza a regionalização

Ricardo Sousa “um homem do norte”, como se descreve, é empresário e foi vereador do PSD na Câmara Municipal de Paredes entre 2021 e 2025. O objetivo da sua candidatura é para “dar voz às preocupações reais das pessoas” e trazer para a agenda nacional temas como a regionalização, de forma a “melhorar os serviços de saúde, educação e segurança”, dando às regiões mais desfavorecidas “ferramentas para crescer”. 

De acordo com o ‘site’ oficial da sua candidatura, o natural de Rebordosa coloca a habitação também como tema principal, considerando urgente “garantir casas a preços justos, apoiar a construção e reabilitação e controlar a especulação”.

Manuel João Vieira
Manuel João Vieira ANDRÉ KOSTERS/LUSA

Manuel João Vieira, o músico que promete vinho canalizado e um Ferrari a cada português

O músico e pintor Manuel João Vieira, vocalista das bandas Ena Pá 2000 e Irmãos Catita, apresenta pela quinta vez a sua candidatura a Belém. Se em anos passados não conseguiu validar as assinaturas necessárias, este ano conseguiu mais de 12 mil. O seu mandatário é o ator David Almeida. 

A sua promessa é simples, só desiste se for eleito e considera ser uma “alternativa aos atuais candidatos políticos” e ao “crescimento do fascismo”. Algumas das suas propostas, que servem para expor “o absurdo da política”, passam pela implementação de vinho canalizado em todas as casas e fontes de bagaço nas ruas, patinadoras russas para cada homem e dançarinos cubanos para cada mulher e acredita que cada português deve ter um Ferrari. 

Para resolver a questão da imigração, que é o foco de campanha de alguns candidatos, Manuel João Vieira propõe tratamentos para clarear a pele das pessoas mais escuras e escurecer as pessoas mais claras, de forma a uniformizar o tom de pele de quem vive em Portugal. 

André Pestana
André Pestana LUIS FORRA/LUSA

André Pestana, o líder sindicalista

André Pestana, professor e líder do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP), apresenta-se como um candidato independente, sem ter o apoio formal de algum partido. Segundo o seu ‘site’ oficial, foi o rosto de várias lutas importantes e teve um percurso político extenso defendendo a importância da educação pública condigna e melhores condições para professores. 

O candidato de 48 anos acredita que todos “devem ter direito a trabalho, salário e habitação condignos”, defende o direito das crianças terem na escola “um local de aprendizagens e desenvolvimento” e dos idosos terem direito a “viver com dignidade”. De acordo com o seu slogan de campanha, “é hora de abrir a pestana!”.

Critica “os políticos que continuam a privilegiar a ganância, em detrimento das pessoas e do meio ambiente, para alimentar o negócio da guerra”, tirando “mais recursos dos serviços públicos essenciais” para a população.

Humberto Correia apresenta o seu livro
Humberto Correia apresenta o seu livro DR

Humberto Correia, o autor que promete percorrer o país vestido de Afonso Henriques

O pintor e autor Humberto Correia concorre como independente e apresentou mais de 9 mil assinaturas ao TC. Natural de Olhão, foi candidato à Câmara Municipal de Faro em 2017 e promete percorrer o país vestido de Dom Afonso Henriques como ação de campanha. 

O candidato é pai de dois filhos e esteve emigrado na França, onde trabalhou 10 anos em fábricas e 15 na construção civil e regressou a Portugal em 2003. O principal tema da sua candidatura é a crise da habitação que considera “o maior problema do povo português”, defendendo mais habitação social construída pelo Estado. 

É ainda autor do livro “As Pulgas da Minha Infância”, uma obra baseada num rapaz que cresce no seio de uma família pobre nos anos 1960 e 1970. 

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