Dois entendimentos diferentes da função presidencial e ataques de parte a parte à ideologia (ou falta dela) dos candidatos. O debate desta terça-feira colocou frente-a-frente Henrique Gouveia e Melo, que se definiu como "social democrata" ao centro, e o comunista António Filipe, que sublinhou as suas convicções — e por diversas vezes acusou o adversário de não as ter.
Três homens em debate televisivo num estúdio com o Palácio da Ajuda como fundo
A cirurgia de urgência do Presidente da República marcou o arranque do debate presidencial entre Henrique Gouveia e Melo e António Filipe. Os dois candidatos concordam que não se coloca a questão de Marcelo Rebelo de Sousa ser substituído pela segunda figura do Estado, o líder do Parlamento, Aguiar-Branco. "Deus queira que recupere rapidamente”, afirmou o militar na reserva, num desejo acompanhado pelo adversário.
Em cima da mesa passou depois a estar a guerra na Ucrânia. O conflito armado, entre a Rússia e a Ucrânia, "tem de acabar à mesa das negociações", defendeu o comunista, acrescentando que só as partes devem ser tidas num qualquer acordo. Gouveia e Melo puxou pelas críticas do adversário ao governo ucraniano, questionando António Filipe sobre se "continua a acreditar que Zelensly é apoiado por fascistas e Nazis?".
"Isso é um facto. São os próprios factos", retorquiu o candidato comunista, sublinhando que o almirante "Não está mais longe do Sr. Putin do que eu" e acrescentando que "aqueles que querem a paz agora deviam tê-la querido há mais tempo".
O comunista recuperou também declarações antigas do oponente. "Não fui eu que disse que os jovens portugueses deviam morrer onde a NATO mandasse”, sublinhou. Questionado pelo moderador do debate, José Alberto Carvalho, sobre se acionaria o artigo 5º do tratado transatlântico caso fosse necessário, o ex-deputado reiterou que Portugal "deve ter uma voz própria" no panorama internacional, rejeitando a ideia de que o País estaria necessariamente "obrigado" a aceitar esse mecanismo.
Passando para o assunto da greve geral do próximo dia 11 de dezembro, Gouveia e Melo defendeu a necessidade de um "novo contrato social" e apelou à concertação social no sentido de encontrar um equilíbrio. Deixou depois uma crítica ao governo, reconhecendo que o executivo "podia ter uma postura mais negocial", ainda que lembrando que os partidos devem "defender as suas posições".
Em resposta, António Filipe voltou a defender que a proposta "deve ser retirada", que os trabalhadores devem proteger os seus direitos e atacou a indefinição do adversário, que descreveu como não tomando "posições claras sobre coisa nenhuma". "Por muitas tentativas que façamos, continuamos sem perceber o que pensa", afirmou.
O militar na reserva contrariou, lembrando que as funções do presidente não são legislativas e acusando o oponente de defender um modelo económico falhado, perante os protestos do oponente. "Já não é comunista?" questionou Gouveia e Melo. "Eu sou. Não sei é o que é que o senhor é", respondeu António Filipe.
No final, o candidato independente voltou a reiterar o seu entendimento da posição de chefe de Estado como uma que serve sobretudo para formar consensos, concluindo que, a ser eleito, não seria nem uma "marioneta" nem "um obstáculo" ao poder legislativo, mas sim "um parceiro fiel" do governo para garantir a estabilidade.
Gouveia e Melo: "Já não é comunista?". "Eu sou, não sei é o que o senhor é", responde António Filipe
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