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Motoristas TVDE e estafetas em protesto: "90% dos estafetas não tem direito a um seguro"

Vários motoristas TVDE e estafetas marcham hoje em direção à Assembleia da República para exigir melhores condições de trabalho. Em causa estará a falta de seguros que cubram acidentes de trabalho, as baixas tarifas por deslocação ou ainda a não regulamentação da profissão.

Motoristas TVDE e estafetas reúnem-se esta segunda-feira (17), em Lisboa, para reivindicarem melhores condições de trabalho no setor. A manifestação parte do Campo Grande, às 9h, e segue depois em direção à Assembleia da República. Segundo Marcel Borges, representante legal do movimento Estafetas em Luta, é esperada "uma grande adesão".

MIGUEL A. LOPES/LUSA

"A questão dos seguros de acidentes previstos para os estafetas é uma das questões pelas quais vamos lutar nesta manifestação. Acontece que o estafeta que trabalha diretamente para estas plataformas têm seguro, mas 90% dos estafetas que estão ligados a uma frota não têm direito a um seguro", começou por denunciar à SÁBADO Marcel Borges, ao relembrar um caso que ocorreu na passada quarta-feira com um estafeta que sofreu um acidente."O Sr. Manuel teve um acidente e agora? A ajuda não passa de €20 durante um mês. É um seguro ridículo."

Além desta questão, a manifestação, que reúne pela primeira vez motoristas TVDE e estafetas, tem ainda como principal objetivo assegurar a "melhorias nas tarifas". Isto acontece visto que cada trabalhador ganha apenas €3 por cada entrega.

"A tarifa mínima é de €3. Isto significa que um estafeta que anda seis ou sete quilómetros ganha apenas este montante. No caso das entregas duplas, paga-se mesmo muito mal. A empresa paga apenas €1 ou €2 a mais."

Acrescenta-se ainda à lista de reivindicações "a questão do espaço físico dos estafetas, que não têm; a regulamentação da profissão e a contestação da proposta do PSD de inclusão dos táxis na plataforma, visto que há muitos táxis na pista e poucos passageiros".

Qual o impacto?

Marcel Borges defende que estes protestos "vêm num momento oportuno", isto porque "estamos em plena alteração da lei 45/2018" - que regula a atividade de transporte individual e remunerado de passageiros. Questionado acerca do impacto que esta manifestação terá, afirma: "Terá um impacto muito positivo".

"Posso dar o exemplo que na manifestação anterior, a aplicação do McDonald's do Porto foi desligada. O estabelecimento chegou até a ter 200 pedidos parados", detalha.

Além disso, os estafetas e motoristas da TVDE de outras parte do País que queiram aderir à manifestação, mas que não se possam deslocar até Lisboa, "irão parar as suas atividades". "Se for no Porto, param as atividades no Porto. Se for em Coimbra param as suas atividades em Coimbra", explica.

Marcel Borges defende ainda que "este é o momento em que tudo pode mudar", mas sublinha que caso não haja respostas às suas reivindicações que haverão "novas paralisações". 

"Este é o momento em que tudo pode mudar. Este problema não está só a acontecer em Portugal, mas em toda a Europa. Os governos estão a apertar os estafetas e a implementar estas baixas tarifas", contesta Marcel Borges.

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