Luís Montenegro fez um discurso a dois tempos: um para dentro do PSD, outro para o país. No primeiro acenou com o risco do "gonçalvismo" de Pedro Nuno Santos, no segundo mostrou-se "moderado".
Luís Montenegro chegou ao Congresso do PSD em Almada com uma missão: dar o pontapé de saída para a campanha das legislativas de 10 de março. O conclave que foi marcado para discutir estatutos acabou transformado, graças à crise política, num grande comício.
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
Montenegro aproveitou o momento para animar as hostes para uma "onda laranja" que garante já ter arrancado, mas que admite que o país ainda não percebeu. Na verdade, as sondagens mostram que essa onda ainda não parece ter-se convertido em intenções de voto.
Antes de falar para o país, o líder do PSD falou essencialmente para os militantes. Num discurso com um tom a fugir para o populismo, Montenegro carregou nas cores e fez uma caricatura do "radical" Pedro Nuno Santos, que ainda não conquistou o PS, mas que já foi eleito pelo líder social-democrata como alvo preferencial.
O filme da Disney
Num arranque de discurso em tom agressivo, falou nos riscos do "gonçalvismo" que vem aí com Pedro Nuno Santos, descreveu um PS "soviético" e atacou fortemente a geringonça, agora descrita como um filme da Disney, com um romance político entre o "camarada Pedro" e a "Cinderela Mortágua". Agitou os perigos do comunismo, mas não arranjou personagem infantil para descrever Paulo Raimundo.
As hostes laranjas gostaram. Animaram-se. Falar mal da geringonça ainda mobiliza os militantes. E Luís Montenegro usou todos os recursos estilísticos que costumava usar quando era líder parlamentar de Pedro Passos Coelho.
Depois, veio um discurso para fora, pensado para seduzir socialistas desmotivados. Um discurso no qual apontou o dedo aos erros da governação, mas evitou usar politicamente o processo judicial que envolve vários governantes.
Para Montenegro, o "Governo não caiu por causa de um processo, caiu de podre" e foi isso que tentou demonstrar.
Depois de ter descrito Pedro Nuno como um radical que vem aí com um programa de "nacionalizações", apresentou o PSD como "um porto seguro".
Voltou a garantir que só governa se ganhar eleições e sossegou quem acha que se pode aliar ao Chega. O radicalismo está todo no PS, asseverou, o PSD será o "moderado" que vai unir o país.
Faltou dizer o que quer fazer como primeiro-ministro. Mas as ideias para o país estão prometidas para o discurso de encerramento.
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