Sábado – Pense por si

Montenegro vai virar a página da austeridade

Margarida Davim
Margarida Davim 25 de novembro de 2023 às 21:35
As mais lidas

Para Luís Montenegro, os socialistas são os "cristãos novos" das contas certas. Mas há muitas promessas para descolar do trauma da troika.

Luís Montenegro entrou na sua fase "virar a página da austeridade". No discurso de encerramento do Congresso, o líder do PSD apresentou um programa social-democrata, recheado de promessas, que vão de creches e pré-escolar gratuito para todos a uma descida no IRS até ao 8.o escalão, passando por uma pensão mínima de 820 euros para todos os reformados.

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Num discurso bem diferente do seu registo habitual, Montenegro fez alguma auto-análise e reconheceu que as pessoas "esperam mais" de si do que têm demonstrado, falou de apoios para desempregados, defendeu a importância da imigração para a economia e até homenageou as 25 mulheres que morreram vítimas de violência doméstica neste ano.

No final, acompanhando Aníbal Cavaco Silva à porta, era um homem emocionado, com olhos lacrimejantes, ao lado de um bem mais seráfico Cavaco, que recusou fazer comentários políticos e não aplaudiu as promessas eleitorais feitas no palanque pelo Presidente do partido.

Neste discurso, Montenegro tentou superar o trauma da troika e explicou que, para o PSD, as contas certas "não são um fim em si mesmo". Essa fé cega é para "fanáticos" como os socialistas, que descreveu como "cristãos novos" recém convertidos à religião das contas certas.

Depois de ter começado o Congresso agitando o papão do comunismo e do gonçalvismo para atacar Pedro Nuno Santos, Luís Montenegro vestiu o fato de líder moderado e entrou em cena depois de um vídeo com o slogan "unir Portugal".

A plateia gostou. A reação foi entusiástica. Mas também já o tinha sido de manhã quando Montenegro chamava "camarada Pedro" a Pedro Nuno Santos e "cinderela Mortágua" à líder do BE.

A crise política fez renascer o entusiasmo nas bases, sobre as quais ao paira a dúvida do Chega: será que o partido de André Ventura terá un resultado capaz de impedir o PSD de regressar ao poder? É a questão que está na cabeça de quase todos.

Num conclave que foi quase sempre morno (Carlos Moedas foi, a par de Montenegro, dos poucos que animaram os delegados), as conversas de bastidores andam muitas vezes à volta desta dúvida sobre o Chega. Mas também já há muita agitação sobre listas.

As eleições de 10 de março estão à porta. É tempo de mostrar unidade para fora e negociar para dentro os lugares. Esta é a prova de fogo para Luís Montenegro, que deixou uma certeza: só governa se ganhar as eleições.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!

Férias no Alentejo

Trazemos-lhe um guia para aproveitar o melhor do Alentejo litoral. E ainda: um negócio fraudulento com vistos gold que envolveu 10 milhões de euros e uma entrevista ao filósofo José Gil.