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MAI manifesta "repúdio absoluto" por ataque à companhia de teatro A Barraca que diz ser "ato inaceitável"

"O que aconteceu ontem [na terça-feira], as suas conotações, os seus fundamentos, a sua natureza, releva de um ato absolutamente inaceitável num país como Portugal", afirmou Maria Lúcia Amaral.

A ministra da Administração Interna manifestou esta quinta-feira "repúdio absoluto" pelo ataque à companhia de teatro A Barraca, considerando-o "um ato inaceitável", e reforçou o compromisso do Governo com a segurança, remetendo a punição deste crime para os tribunais.

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Numa declaração à saída do Mosteiro dos Jerónimos, onde decorreu a cerimónia do 40.º aniversário da adesão de Portugal às Comunidades Europeias, Maria Lúcia Amaral quis destacar três pontos sobre esta agressão por um grupo de extrema-direita, sem responder a perguntas posteriores da comunicação social.

"Em primeiro lugar, o que aconteceu ontem [na terça-feira], as suas conotações, os seus fundamentos, a sua natureza, releva de um ato absolutamente inaceitável num país como Portugal. Primeiro ponto, algo que não pode ter outro objeto que não o repúdio absoluto", disse.

Em segundo lugar, a ministra referiu que o compromisso do Governo "é prevenir, evitar e tudo fazer para que este tipo de atos, quando cometidos, quando não evitáveis, possam ser devidamente sancionados, através de policiamento de proximidade que garanta a segurança e a integridade das pessoas e bens".

"Terceiro e último ponto, quando se cometem crimes, como foi o que aconteceu, num país como Portugal, que é um Estado de direito, cabe à Justiça, aos Tribunais, de acordo com as leis, devidamente perseguir, devidamente castigar os criminosos", afirmou.

Os jornalistas ainda tentaram colocar questões a Maria Lúcia Amaral, mas a ministra repetiu apenas os agradecimentos à comunicação social: "Por agora já disse, vou andando".

Na terça-feira, Dia de Portugal, um ator da companhia de teatro A Barraca, Adérito Lopes, foi agredido por um grupo de extrema-direita, em Lisboa, quando entrava para o espetáculo com entrada livre "Amor é fogo que arde sem se ver", de homenagem a Camões.

Em declarações à agência Lusa, a diretora da companhia, a atriz e encenadora Maria do Céu Guerra, contou que a agressão ocorreu cerca das 20h, quando os atores estavam a chegar ao Cinearte, no Largo de Santos e, junto à porta, se cruzaram com "um grupo de neonazis com cartazes, programas", com várias frases xenófobas, que começaram por provocar uma das atrizes.

"Entretanto, os outros atores estavam a chegar. Dois foram provocados e um terceiro foi agredido violentamente, ficou com um olho ferido, um grande corte na cara", relatou Maria do Céu Guerra.

Fonte da PSP adiantou à Lusa que foi chamada pelas 20h15 ao Largo de Santos por "haver notícia de agressões", onde foi contactada por um homem de 45 anos, que "informou que, ao sair da sua viatura pessoal, foi agredido por um indivíduo".

A PSP, com as características do eventual suspeito fornecidas pelo ofendido e por um seu amigo, encetou várias diligências nas ruas adjacentes ao Largo de Santos, tendo sido possível localizar e intercetar um homem com 20 anos, suspeito de ser o autor da agressão, adiantou a mesma fonte.

A PSP identificou os intervenientes neste caso - suspeito, ofendido e testemunha - e vai comunicar todos os factos apurados ao Ministério Público.

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