A eleição do sucessor de Fernando Lima esteve agendada para meados de 2020, tendo sido adiada devido à pandemia da covid-19. Embora sem data marcada, ela deverá ocorrer no segundo semestre de 2021.
O maçon Luís Parreirão está inclinado a candidatar-se a grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL), apurou aSÁBADO.
Sábado
A eleição do sucessor de Fernando Lima, a exercer o cargo desde 2011 (três mandatos), esteve agendada para meados de 2020, tendo sido adiada devido à pandemia da covid-19. Embora sem data marcada, ela deverá ocorrer no segundo semestre de 2021.
O cenário de candidatura do jurista e gestor, que foi secretário de Estado em ambos os governos de António Guterres e presidiu à AAC - Associação Académica de Coimbra (1983), corresponde ao desejo de tornar "a voz" do GOL "cada vez mais respeitada".
"Assumirei, no momento adequado, todas as responsabilidades que julgue úteis à revitalização da Maçonaria, depois deste terrível período de pandemia", declarou àSÁBADOo ex-governante.
Militante do PS, Luís Parreirão poderá ter como opositores Carlos Vasconcelos, Daniel Madeira de Castro e Fernando Cabecinha (parte deles, pelo menos, conotada com o PSD).
Carlos Vasconcelos (advogado) coadjuva o grão-mestre cessante; Madeira de Castro (economista) perfila-se para o cargo pela terceira vez; Fernando Cabecinha (gestor) foi presidente da Grande Dieta (parlamento da instituição maçónica).
Interpelado pelaSÁBADO, o ex-secretário de Estado indicou possuir a honra de "nunca ter faltado" aos seus deveres, enquanto cidadão e maçon, e de "haver participado, sempre, nos combates cívicos ditados como relevantes em cada momento histórico" pela sua consciência.
"Ao fim de quatro décadas de trabalho como membro do Grande Oriente Lusitano, o meu posicionamento orienta-se (…) pela vontade de ajudar a construir a maior unidade possível entre todos os maçons, constituindo para mim um imperativo ético e de cidadania disponibilizar-me com o firme propósito de contribuir para unir o povo maçónico", declarou.
Para Luís Parreirão, "quando os inimigos da Maçonaria, frontais ou encapotados, parecerem ter um ressurgimento preocupante, urge mobilizar" todos os apologistas da liberdade, da igualdade e da fraternidade "para a defesa e fortalecimento da dignidade da pessoa humana".
O provável candidato expressa o propósito de "contribuir para que o Grande Oriente Lusitano, honrando o seu papel histórico na defesa dos valores da República, (…) desempenhe um papel marcante na sociedade portuguesa".
Segundo o jurista e gestor, a Maçonaria é, "antes de tudo, um compromisso: de consciência, de cidadania e de participação", por ele encarada como "guardiã dos valores primordiais, fundacionais e permanentes da Humanidade".
"Ser maçon", acrescenta, "acarreta obrigação de travar as derivas individualistas, de fação, de rejeição do outro, de apropriação do património comum, de abuso de posição ou dos figurinos políticos ou ideologicamente totalitários".
Daniel Madeira de Castro, que confirma a intenção de se candidatar, presidiu à Grande Dieta, há 25 anos, quando Rosado Correia era grão-mestre do GOL, dirigiu a ‘Revista do Grémio Lusitano’ e, em 2017, esteve na iminência de disputar a segunda volta do sufrágio em que Fernando Lima foi eleito para terceiro mandato consecutivo.
Interpelado pelaSÁBADO, Fernando Cabecinha escusou-se a falar do assunto. Quanto a Carlos Vasconcelos remeteu a eventual prestação de declarações para outra ocasião.
Américo Figueiredo, diretor do Serviço de Dermatologia do CHUC e ex-subdiretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, entende que, cumpridos os três mandatos do grão-mestre cessante, "faz todo o sentido" a candidatura de Luís Parreirão.
Para o dermatologista e professor universitário, o Grande Oriente Lusitano carece de uma liderança dotada de "flexibilidade e agilidade". "A realidade em mudança acelerada não se compadece com determinados aspetos" inerentes ao funcionamento, opina.
Segundo Américo Figueiredo, a avaliar pelo perfil de Parreirão, a provável candidatura não deixará de ter preocupação com a afirmação do GOL na sociedade, na recuperação do prestígio e da relevância históricas que já teve, na penetração nas novas gerações e nos setores mais dinâmicos da sociedade.
"Faz todo o sentido uma candidatura proveniente de fora" do meio subjacente à liderança exercida na última década, conclui o médico.
Numa mensagem partilhada com "os irmãos" do 33º. grau do Rito Escocês, a cujo teor aSÁBADOteve acesso, um conceituado maçon do Porto alude a Luís Parreirão como "alguém com muitos anos de casa, com muitos anos de experiência profissional ativa e relevante na sociedade civil, alguém que vale por si próprio e não necessita de ser grão-mestre do GOL para ser conhecido".
"Tudo isto, aliado à sua carreira profissional, política e maçónica, credibiliza-o internamente, mas sobretudo credibiliza a Ordem maçónica aos olhos da opinião pública", alega o autor da mensagem, antigo grão-mestre adjunto do GOL.
O mesmo maçon portuense vê em figuras como o jurista e gestor "as melhores tradições da casa personificadas por Fernando Valle, Mário Cal Brandão e António Arnaut".
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O Estado português falha. Os sucessivos governos do país, falham (ainda) mais, numa constante abstração e desnorte, alicerçados em estratégias de efeito superficial, improvisando sem planear.
A chave ainda funcionava perfeitamente. Entraram na cozinha onde tinham tomado milhares de pequenos-almoços, onde tinham discutido problemas dos filhos, onde tinham planeado férias que já pareciam de outras vidas.