Investigação apoiada pela Fundação BIAL mostra como a constante pressão diária dos profissionais pré-hospitalares, como os do INEM, reduzem a qualidade da resposta e leva-os ao esgotamento.
Casos de problemas no INEM têm marcado o debate público. Desde omissões de resposta a interações controversas sob pressão,como mandar a outra pessoa rezarao invés de enviar socorro, vários exemplos têm vindo a público e denunciados à Procuradoria-Geral da República. Contudo, do lado dos profissionais de saúde, ostressem cenários de prestação de cuidados críticos e o risco deburnout é real. Segundo um estudo de investigadores da Northumbria University e do James Cook University Hospital (UK), com apoio da Fundação BIAL, a constante pressão a que estes profissionais de sujeitam tem um impacto na qualidade da resposta e conduz ao esgotamento.
"Os cuidados de emergência pré-hospitalares são extremamente exigentes do ponto de vista físico e psicológico", explica à SÁBADO o investigador Mark A. Wetherell, um dos autores da investigação. Observando durante duas semanas o funcionamento psicobiológico de 27 médicos e paramédicos de emergência médica pré-hospitalar do serviço britânico Great North Air Ambulance Service durante o curso Pre-Hospital Emergency Medicine Crew, através da deteção dos níveis de cortisol nas recolhas diárias de saliva e a pulsação cardiaca em smartwatches, os académicos identificaram diferentes padrões de resposta entre os dias de formação e os fins de semana, com níveis elevados e constantes de ansiedade, stress, preocupação. E nos picos de trabalho (e resposta psicobiológica), os profissionais apresentaram mais stress e menores níveis de reação: "O aumento do stress durante estes períodos é preocupante, pois sugere níveis mais elevados de preocupação com acontecimentos que ainda não ocorreram e com a forma como o socorro pré-hospitalar pode ter corrido."
A importância do tempo de recuperação
A resposta ao stress foi particularmente elevada nos dias em que os médicos sentiram que tinham menos controlo. "Estes dias eram os mais realistas e representativos das situações quotidianas com que se deparariam no seu trabalho", explica Wetherell. "Níveis elevados de resposta são bons a curto prazo, uma vez que estas respostas fornecem os recursos energéticos para lidar com situações de emergência, mas a resposta repetida e sustentada com poucas oportunidades de recuperação causa um esgotamento destes recursos, o que pode levar ao esgotamento", conclui.
No total, foram recolhidos 1.248 amostras de saliva, 624 avaliações do estado de espírito e mais de 30.000 medições do ritmo cardíaco. "São muitos dados para analisar!", brinca Mark A. Wetherell. Mas os dados recolhidos podem ser generalizados para o que acontece com os profissionais pré-hospitalares em Portugal? Apesar de preferir "não comentar especificamente estas circunstâncias" - "parece que há uma falta de recursos e não um problema com os indivíduos que estão a tentar prestar os cuidados" -, o investigador garante que as respostas deste estudo são essenciais para compreender o fenómeno pré-hospitalar: "Estas respostas são essenciais para lhes permitir funcionar nestas situações de emergência. Verificamos que os níveis de resposta são mais baixos nos dias em que não há treino, o que demonstra os benefícios dos períodos de recuperação. Devemos, portanto, garantir que haja oportunidades adequadas de recuperação, de modo a evitar a sobreactivação e o esgotamento."
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