Oposição interna a Albuquerque quer eleições diretas antes das legislativas, e acusa o presidente do Governo Regional de colocar todos os entraves a este plano – até de fechar a sede do partido para o Natal “para ninguém colocar as quotas em dia”. Líder do PSD Madeira diz que não "não há tempo nenhum para essas coisas (diretas)".
Miguel Albuquerque já provou que tem várias vidas políticas, e, mesmo com suspeitas de corrupção a pairarem sob o Governo Regional da Madeira, nem os seus adversários hesitam em admitir que continua a ter o aparelho político na mão. Ainda assim, cresce entre os sociais-democratas madeirenses um movimento, encabeçado pelo antigo secretário do Ambiente e Recursos Naturais Manuel António Correia, para o tentar destronar. "Não sei se conseguiremos, mas pelo menos estamos a fazer alguma coisa. Sinto-me como uma espécie de resistência francesa", admite um militante do PSD, que apoia o opositor de Albuquerque. Não é só a política madeirense que vive dias turbulentos, o próprio partido que está no poder desde sempre no arquipélago não está unido na véspera da terceira ida às urnas no espaço de um ano e meio.
Homem de Gouveia/Lusa
Manuel António Correia entregou, nesta segunda-feira, 23, na sede do partido uma petição com 540 assinaturas (mais 240 do que o necessário) para convocar um Congresso e eleições diretas ainda antes das eleições legislativas. "Foi um avanço termos conseguido abrir a sede que estava fechada há duas semanas", disse, à RTP Madeira, o líder da oposição interna, disponível para enfrentar, pela terceira vez, Miguel Albuquerque. Manuel Correia referia-se às criticas sonoras que circularam pelas bocas dos críticos do albuquerquismo por os funcionários do partido terem recebido indicações para irem duas semanas de férias de natal, numa altura em que há militantes a quererem colocar as quotas em dia, para não perderem o direito de votar, se se avizinharem eleições internas. Já o partido diz que é uma situação habitual, encerrar para férias nesta época.
"Já se sabe que agora é a política a funcionar e que quem garante a sobrevivência de Albuquerque e continua a ver mais utilidade em ser-lhe fiel continuará a garantir que ele permanece onde está. Uma coisa é os militantes estarem cansados dele outra é conseguirem-no tirar de lá", diz à SÁBADO um antigo colaborador de Miguel Albuquerque no Governo Regional, que pediu para não ser identificado, e que acrescenta que são de "esperar várias manobras internas para impedir as eleições". Os próprios "estatutos estão blindados para o proteger".
Os estatutos permitem a realização de um congresso extraordinário, se este for requerido por 300 militantes (e pode ser convocado "até 30 dias de antecedência", de acordo com o artigo 17.º); já a convocatória de eleições internas está dependente do Conselho Regional, o órgão máximo da estrutura regional entre congressos, constituído por 71 vogais, "que está totalmente dominado pelos apoiantes de Miguel Albuquerque" e onde a votação desta decisão é feita de braço no ar, "perimitindo perceber quem votaria contra, quando no passado isso já foi motivo para saneamentos", sugere a mesma fonte.
Por sua vez, Miguel Albuquerque, reeleito apenas há alguns meses, já deixou bem claro que não vê vantagem em testar a sua liderança: "Não há tempo nenhum para essas coisas [eleições diretas]", disse, citado pelo Observador. Em declarações nas últimas semanas, tem reafirmado que foi eleito líder do PSD Madeira, que já venceu Regionais este ano e que o partido se deve focar nos "adversários externos" em vez de "entrar numa guerra fratricida".
Fonte próxima de Manuel António Correia recorda que "a nível nacional o PS passou por isto e escolheu um líder em cima das últimas legislativas. O verdadeiro problema de Albuquerque é ser escrutinado dentro do próprio partido. Prefere ir a eleições na Madeira do que no PSD".
Recorde-se que, nas últimas diretas, em março, Miguel Albuquerque venceu Manuel António Correia por 392 votos, num universo de 4.388 votantes inscritos. E dois meses depois foi reconfirmado pelos madeirenses como presidente do Governo Regional, em legislativas antecipadas pela sua demissão na sequência de suspeitas de corrupção.
Pela primeira vez na história da Madeira, o PSD não conseguiu a maioria absoluta (PSD e CDS têm 21 deputados, quando para a maioria são necessários 24) e a matemática parlamentar levou a melhor: na semana passada, a Assembleia Legislativa aprovou uma moção de censura do Chega. E a Madeira vai novamente a votos.
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