A Academia Portuguesa de Cinema apelou à proteção do edifício histórico. "Já estamos cansados de ver o nosso património cinematográfico ser transformado em coisas completamente diferentes, como restaurantes e hotéis", disse à SÁBADO Paulo Trancoso, presidente da academia.
Uma proposta aprovada a 4 de dezembro em reunião da Câmara de Lisboa prevê a alteração do "uso de equipamento cultural" do Cinema Império, em Lisboa, "para equipamento religioso, com outras valências complementares".
Na segunda-feira, 9, a Academia Portuguesa de Cinema apelou à proteção do edifício histórico, inaugurado em 1952 como sala de cinema, na freguesia de Arroios. Em resposta à agência Lusa, na passada terça-feira, a Câmara Municipal de Lisboa assegurou que a preservação cultural do Cinema Império não está em causa e que a proposta aprovada pela autarquia salvaguarda "o futuro retorno à sua função primitiva" e visa "essencialmente, legalizar adaptações e ampliações já realizadas no edifício".
"Já estamos cansados de ver o nosso património cinematográfico ser transformado em coisas completamente diferentes, como restaurantes e hotéis", disse à SÁBADO Paulo Trancoso, produtor de cinema e presidente da academia. E dá exemplo de antigos cinemas lisboetas como o Londres, o Éden e até o Animatógrafo do Rossio.
Com o objetivo de apelar à intervenção do Governo e da Câmara Municipal de Lisboa (CML) na preservação do Cinema Império, foi criada a petiçãoSalvemos o Cinema Império, que já reúne mais de 12 mil assinaturas.
Entre as principais preocupações mencionadas pela Academia Portuguesa de Cinema na petição está, por exemplo, a possível "legalização de obras ilegais anteriores", mas também a "descaracterização do edifício" já que "a proposta atual inclui mudanças irreversíveis que não respeitam o valor patrimonial do imóvel, como a remoção de elementos arquitetónicos e decorativos originais".
"Sentimos a necessidade de dizer basta. Os lisboetas sentiram o mesmo que nós. Não há salvação destes espaços?", acrescenta Paulo Trancoso.
A proposta, a que a agência Lusa teve acesso, também prevê a ampliação do edifício, "com aumento de área de construção e volumetria, alterações exteriores, de fachada, ao nível dos últimos pisos, incluindo alterações na cobertura, e ainda outras alterações e legalizações no interior do imóvel, para o adaptar ao uso proposto".
"O Império foi palco de acontecimentos históricos: em 1958 acolheu o 1º Festival da Canção, onde Simone de Oliveira se estreou em público, e recebeu concertos de figuras como Count Basie e Quincy Jones. Foi no Cinema Império que se fundou o Teatro Moderno de Lisboa, com nomes como Carmen Dolores e Armando Cortez. Estreou no pós-25 de Abril O Couraçado Potemkin, entre centenas de filmes marcantes", relembrou a Academia Portuguesa de Cinema, no apelo feito nas redes sociais.
Desenhado pelo arquiteto Cassiano Branco, o edifício deixou de funcionar como cinema em 1983. Atualmente, é usado pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) como lugar de culto. A SÁBADO contactou tanto a IURD como a Câmara Municipal de Lisboa, mas até à data da publicação deste artigo não obteve resposta.
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