Cavaco homenageado ao almoço, Soares ao final do dia e com Marcelo Rebelo de Sousa presente em ambas as cerimónias. Sobre as sanções, ninguém quis falar
Hoje é dia de homenagens aos antigos Presidentes da República. Primeiro, um almoço em dedicado a Cavaco Silva, mais tarde será a vez da residência oficial do primeiro-ministro receber uma homenagem a Mário Soares. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve durante quinze minutos no evento dedicado ao seu antecessor e defendeu que ambos "continuam na memória colectiva e ambos merecem ser homenageados". Segundo o chefe de Estado, "é uma boa coincidência" que os dois antigos presidentes e primeiros-ministros tenham homenagens realizadas hoje.
"Foi uma coincidência. Esta homenagem estava marcada há muito tempo e a homenagem ao doutor Mário Soares tem razão de ser porque faz agora 40 anos, hoje - o tempo passa rápido - que foi investido como primeiro primeiro-ministro da democracia portuguesa", declarou aos jornalistas confirmando que também marcará presença no evento dedicado ao socialista. "Só não fico para o almoço porque tinha já marcado um casamento de uma filha de um amigo e não posso faltar", disse justificando a rápida passagem.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "de há alguma maneira há aqui o reconhecimento da continuidade institucional da democracia e do papel fundamental dos presidentes da República na democracia portuguesa". "Englobo no meu pensamento o Presidente Jorge Sampaio, que também teve um papel importante, independentemente das homenagens que venha a merecer no futuro", acrescentou.
Cavaco não quis "fazer revelações".
Se Marcelo Rebelo de Sousa se recusou a comentar as notícias que dão como certa a aplicação de sanções a Portugal por parte da Comissão Europeia, Cavaco Silva também não quis dizer muito.
O ex-Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, afirmou hoje que saiu "de consciência bem tranquila" de Belém e referiu que muita coisa não se sabe sobre a forma como exerceu funções, mas não quis "fazer revelações".
Cavaco Silva falava durante um almoço num hotel de Lisboa que juntou dezenas de pessoas que fizeram parte das suas equipas como presidente do PSD, primeiro-ministro e Presidente da República, às quais agradeceu, considerando-se "um privilegiado e um homem de sorte" pelas funções públicas que exerceu.
"Muita coisa se sabe sobre a forma como exercia as minhas funções de Presidente da República. Mas também há muita coisa que não se sabe, porque tomei a decisão de manter muita coisa reservada na convicção de que essa era a melhor forma de defender o superior interesse nacional", declarou.
No entanto, o ex-chefe de Estado não quis revelar informação nova nesta ocasião: "Este não é o tempo, como é óbvio, de fazer revelações. É o tempo para eu agradecer àqueles que estiveram ao meu lado nas mais variadas situações e me ajudaram a percorrer este caminho político".
Num discurso de cerca de quinze minutos, Cavaco Silva apontou um momento como decisivo para a sua entrada na vida política: "Se Sá Carneiro não me tivesse ido buscar à universidade e ao Gabinete de Estudos do Banco de Portugal [para exercer o cargo de ministro das Finanças e do Plano] eu não teria tido carreira política, teria tido carreira académica, algo que também muito me satisfaz".
No final da sua intervenção, nomeou algumas das pessoas que trabalharam consigo e destacou o papel da sua mulher, Maria, e da sua família. "Eu não vos disse qual foi o privilégio maior que tive ao longo de toda a minha profissional e política, sem o qual eu não teria chegado onde cheguei: o privilégio de ter tido sempre ao meu lado a mulher com quem casei e toda a minha família".
Sobre o período em que foi Presidente da República, entre 2006 e 2016, Cavaco Silva descreveu-o como "um tempo bem difícil, complexo, de profundas crises na Europa e em Portugal", mas defendeu que "foi o tempo certo" para exercer essas funções.
"Em que outro tempo teria sido mais útil para o meu país a minha experiência como primeiro-ministro, o meu conhecimento de economia e finanças, das instituições europeias? Eu não consigo ver outro", disse.
Depois, afirmou ter saído de consciência tranquila e agradeceu o apoio da sua equipa em Belém: "Quero dizer-vos que, se completei os meus mandatos e saí satisfeito comigo próprio e de consciência bem tranquila, o devo à extraordinária equipa de assessores e consultores que fizeram parte da minha Casa Civil e da minha Casa Militar".
Cavaco Silva recordou as transformações históricas a que assistiu como primeiro-ministro, entre 1985 e 1995, agradeceu aos ministros e secretários de Estado que integraram os seus governos e elogiou as reformas feitas nesse período, que qualificou de "mudanças de dimensão histórica".
O antigo primeiro-ministro elencou essas mudanças: "Foi a revisão constitucional de 1989, foi o fim da estatização da comunicação social e o fim do monopólio estatal da televisão, foi a redução do peso do Estado na economia, foi o tempo da alteração da legislação laboral pondo fim a uma situação arcaica e incompatível com a União Europeia que causava salários em atraso e desemprego muito elevado".
"Foi o tempo de alteração da situação agrária pondo fim às ocupações das terras, foi a reforma do sistema educativo que aumentou a escolaridade obrigatória de seis para nove anos. Foi o tempo da reforma das Forças Armadas, da reforma do sistema fiscal português, a aprovação da Lei de Bases da Saúde que permitiu a abertura do setor à iniciativa particular", completou.
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