Sábado – Pense por si

Casa Orixás: a casa de culto que Paulo Abreu dos Santos frequentava e que era visitada por crianças

Adjunto da ex-ministra da justiça admitiu ter abusado sexualmente de duas crianças. Sabe-se agora que frequentava uma casa de culto e que aqui poderão ter ocorrido alguns dos abusos.

Acreditam em divindades conhecidas como orixás - um intermediário entre os seres humanos e o divino - e as suas cerimónias por norma são repletas de crianças. A Casa Orixás - IIê Axé Omô Oxum é uma instituição que há mais de dez anos é frequentada por , o adjunto da ex-ministra da Justiça que foi detido por suspeitas de  e que agora, devido ao mais recente escândalo sexual, está "a ser investigada pela Polícia Judiciária", avança o . À SÁBADO a instituição afirma não ter tido conhecimento da prática de qualquer crime no seu espaço e demarca-se das acusações de pedofilia que recaem sobre o antigo secretário de Estado socialista.

Paulo Abreu dos Santos frequentava uma casa de culto
Paulo Abreu dos Santos frequentava uma casa de culto DIREITOS RESERVADOS

Localizada em Corroios, no Seixal, a Casa Orixás acolhe cerimónias associadas a uma religião afrobrasileira do Candomblé, que acredita na existência dos orixás - divindades que atuam como mediadores entre o mundo humano e divino e que podem ser representadas por forças na natureza como água ou vento. De acordo com fontes que frequentavam as cerimónias  e que entretanto abandonaram o espaço religioso, em tempos havia crianças presentes durante os cultos frequentados por Paulo Abreu dos Santos, escreve o Observador.

A presença de crianças nesta instituição levanta, assim, a hipótese de parte dos crimes terem sido praticados a partir do terreiro - o lugar sagrado dos crentes. Apesar disso, a mãe de santo (nome que recebe a líder da comunidade da Ilê Axé Omo Oxum) Alexandrina Rodrigues diz que Paulo Abreu dos Santos "normalmente" não estava perto de menores, mas que "havia crianças a brincar, como sempre houve" e que nunca reparou "em sinais de condutas ilegais com menores". Ao Observador, a líder da comunidade da Ilê Axé Omo Oxum garante ainda que nunca recebeu queixas. "Nada, nada, nada."

O advogado teria um envolvimento de longa data com esta comunidade: a mãe e o irmão também teriam frequentado este espaço religioso. Na instituição, Paulo Abreu dos Santos era visto como o braço direito da "mãe Alexandrina" e, segundo fontes ouvidas pelo jornal digital, "todos gostavam dele". O advogado terá até investido muito dinheiro no culto.

Num comunicado enviado à SÁBADO a Casa Oxirás diz agora que "não existe qualquer relação institucional, organizacional ou funcional entre a nossa casa de culto e os factos que estão a ser investigados". "A frequência ocasional ou regular de qualquer pessoa num espaço de culto não pressupõe conhecimento, validação ou envolvimento em comportamentos da esfera privada dos seus membros ou visitantes. A nossa comunidade rege-se por princípios de respeito, dignidade humana e proteção dos mais vulneráveis, repudiando firmemente qualquer forma de abuso."

E diz ainda estar "profundamente abalada com a informação pública", estando neste momento "inteiramente disponível para colaborar com as autoridades judiciais". "[A Casa Orixá] manifesta total solidariedade para com todas as potenciais vítimas", acrescenta-se ainda no comunicado.

Paulo Abreu dos Santos foi detido pela Polícia Judiciária depois de terem sido encontrados ficheiros de pornografia infantil. O advogado e professor universitário foi também acusado de abuso sexual de menores, tendo em tribunal admitido ter abusado sexualmente de duas crianças portuguesas.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
A lagartixa e o jacaré

Dez observações sobre a greve geral

Fazer uma greve geral tem no sector privado uma grande dificuldade, o medo. Medo de passar a ser olhado como “comunista”, o medo de retaliações, o medo de perder o emprego à primeira oportunidade. Quem disser que este não é o factor principal contra o alargamento da greve ao sector privado, não conhece o sector privado.