Sábado – Pense por si

João Camargo
João Camargo Investigador de alterações climáticas
25 de novembro de 2016 às 20:19

Nós, índios

Foi no dia 28 de Abril deste ano que o deputado Jorge Moreira da Silva, ex-ministro do Ambiente responsável por várias das concessões para exploração de petróleo e gás em Portugal, foi ao Parlamento defendê-las

Foi no dia 28 de Abril deste ano que o deputado Jorge Moreira da Silva, ex-ministro do Ambiente responsável por várias das concessões para exploração de petróleo e gás em Portugal, foi ao Parlamento defendê-las. De uma só tirada, Moreira da Silva definiu pontos-chave da concepção e visão do mundo que tem o mainstream: que "Obviamente nunca vai poder explorar um recurso numa área protegida, a nossa legislação não permite", que "não acha mal" explorar petróleo, que os algarvios também têm "direito ao desenvolvimento", associado ao petróleo e que a luta que se desenrola é liderada por quem gostava que "o Algarve fosse uma terra de índios". Moreira da Silva, que desde então se mudou para a OCDE, reforça em simultâneo várias noções: de que a legislação ambiental funciona e de que as áreas protegidas são respeitadas, de que a exploração de petróleo pode ser inócua (local e globalmente) e associada ao "desenvolvimento", e de que ser uma "terra de índios" é um atraso, indigno de portugueses e brancos.

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.