Sábado – Pense por si

Venezuela acusa Macron de estar subordinado a Trump

O Governo venezuelano acusou o presidente francês de subordinar a sua política externa à do seu homólogo norte-americano

O Governo da Venezuela acusou hoje o Presidente francês Emmanuel Macron de subordinar a sua política externa à do seu homólogo norte-americano Donald Trump, e censurou-o por ter recebido o presidente do parlamento venezuelano Julio Borges, na oposição.

"O Presidente da França Emmanuel Macron subordina a sua política face à Venezuela à política externa intervencionista de Donald Trump", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Jorge Arreaza, na sua conta 'Twitter'.

A Venezuela é "uma ditadura que tenta sobreviver", considerou Macron na semana passada.

Estas críticas seguiram-se à denúncia em 21 de Agosto pelo Governo francês da decisão da Assembleia constituinte, pretendida pelo Presidente Nicolás Maduro, de confiscar as competências do parlamento, a única instituição controlada pela oposição.

"O tom arrogante e todo-poderoso do comunicado da presidência francesa é inaceitável e tenta recuperar épocas imperiais ultrapassadas", frisou Arreaza.

Julio Borges, que actualmente promove um périplo pela Europa com o vice-presidente do parlamento, Freddy Guevara, congratulou-se na segunda-feira pelo apoio fornecido pela França, após ser recebido em Paris por Macron.

"[O Presidente] comunicou-nos o seu total apoio à assembleia nacional que nós representamos, que é reconhecida como legítima", assegurou.

Em Caracas, Arreaza emitiu na segunda-feira uma nota de protesto aos representantes diplomáticos da Itália, Espanha, Alemanha e Reino Unido, ameaçando tomar novas medidas caso estes países persistam no seu "intervencionismo". O embaixador de França encontra-se actualmente em Paris.

A deslocação europeia de Borges e Guevara, que também os conduzirá a Espanha, Alemanha e Reino Unido, onde serão recebidos pelos respectivos chefes de Governo, foi definido como "antipatriótica" por Arreaza, pelo facto de apenas pretenderem obter "medidas contra a economia venezuelana".

Em profunda crise económica após a queda dos preços do petróleo, a sua riqueza mais explorada, a Venezuela assistiu a manifestações entre Abril e Julho que exigiam a demissão do Presidente Maduro, com um balanço de 125 mortos nos confrontos de rua.