Apesar dos esforços da União Europeia e de alguns países do Médio Oriente, Israel continua rejeitar a criação de um Estado palestiniano, defendendo que iria constituir num "perigo existencial" para o país.
A União Europeia vai continuar a trabalhar para a crianção de uma "solução de dois Estados", apesar da oposição israelita, afirmou Josep Borrell, chefe da política externa, esta segunda-feira.
REUTERS/Mohamed Azakir
O primeiro-ministro israelita reafirmou no domingo a sua oposição a qualquer Estado palestiniano, defendendo que ia constituir num "perigo existencial" para o país, tendo um plano para destruir o Hamas, que não parece estar a resultar. Benjamin Netanyahu acrescentou que vai insistir num controlo total da segurança para todo o território a oeste do rio Jordão, o que inclui a Faixa de Gaza e a Cisjordânia ocupada por Israel.
Numa reunião mensal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, que contou com a presença de Josep Borrell e de homólogos da Arábia Saudita, Egito e Jordânia, e o secretário-geral da Liga Árabe, foram discutidas as consequências do ataque do Hamas a Israel a 7 de outubro e a retaliação de Israel a Gaza.
O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, e o ministro palestiniano dos Negócios Estrangeiros, Riad al-Maliki também estiveram presentes na reunião.
"Quais são as outras soluções que têm em mente? Fazer sair todos os palestinianos? Matá-los a todos?", afirmou o chefe da política externa da União Europeia, sobre o objetivo declarado de Israel de aniquilar o Hamas. "A forma como estão a destruir o Hamas não é a melhor forma de o fazer. Estão a selar o ódio por gerações."
Josep Borrell voltou a reforçar que pretende avançar com os esforços internacionais para criar um processo que conduza a um Estado palestiniano que coexista com Israel. Conversações sobre esta temática já tiveram lugar há uma década, mas fracassaram devido à desconfiança mútua e à intransigência.
"Estamos envolvidos em mais de 30 anos de processo e vejam onde isso nos levou", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safadi, referindo-se às intermitentes conversações de paz israelo-palestinianas que se sucedem desde a década de 1990.
"O momento da verdade está a chegar, permitimos que uma agenda racista radical dite o futuro ou unimo-nos e dizemos que o caminho é claro, que queremos paz para todos e que a solução de dois Estados é o único caminho, vamos em frente e implementamo-la?", acrescentou.
Antes da reunião, os serviços diplomáticos da União Europeia enviaram um documento de reflexão aos 27 estados-membros, sugerindo um roteiro para a paz no conflito israelo-palestiniano. No centro do documento está um apelo a uma "conferência de paz preparatória" a ser organizada pela União Europeia, Egito, Jordânia, Arábia Saudita e Liga dos Estados Árabes. Os Estados Unidos e as Nações Unidas também foram convidados a participar na reunião, tal como os líderes de Israel e Palestina.
Um dos principais objetivos para um plano de paz é a criação de um Estado palestiniano independente, "vivendo lado a lado com Israel em paz e segurança". O documento também sugere que os participantes da conferência de paz devem definir as "consequências" para ambas as partes, consoante aceitem ou rejeitem o plano aprovado na reunião.
Entre a população palestiniana também não há um consenso. De lado encontra-se a Autoridade Palestiniana, apoiada pelo Ocidente, mas que exerce uma autonomia limitada na Cisjordânia, e que já chegou a negociar com Israel. Já do outro lado, o Hamas - eleito em 2006 para o governo da Faixa de Gaza que controla desde o ano seguinte depois de uma guerra civil -, que prometeu a destruição de Israel.
O gabinete do primeiro-ministro israelita afirmou no sábado, após uma chamada telefónica com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que Israel deve manter o controlo de segurança sobre Gaza "para garantir que Gaza deixe de constituir uma ameaça para Israel, um requisito que contradiz a exigência de soberania palestiniana".
Apesar dos esforços da União Europeia e de alguns países do Médio Oriente, Israel Katz continuou a reforçar que estava em Bruxelas apenas para discutir a questão dos reféns do Hamas e para reafirmar que Telavive iria desmantelar o Hamas, restaurando assim a segurança nacional.
A ofensiva de Israel no enclave já matou mais de 25 mil palestinianos, segundo as autoridades sanitárias de Gaza que é dirigida pelo Hamas, e deslocou uma grande parte dos 2,3 milhões de habitantes das suas casas.
Israel afirmou que a guerra poderia prolongar-se por "muitos meses" e que não descansaria enquanto o Hamas não fosse erradicado, todos os reféns israelitas libertados e a Faixa de Gaza deixasse de constituir uma ameaça à segurança. A 7 de outubro foram mortos cerca de 1.200 israelitas e raptados 240, dos quais mais de 100 ainda estão em cativeiro.
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