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Um ano do 7 de Outubro: "Sonhamos com a paz"

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 07 de outubro de 2024 às 17:33
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Yotam Kreiman, embaixador adjunto israelita em Portugal, falou aos jornalistas e garantiu que "devolver os reféns está entre as principais prioridades" do governo de Netanyahu.

A embaixada israelita em Portugal marcou o primeiro ano desde o ataque do Hamas, a 7 de outubro de 2023, com uma conferência de imprensa. Era também neste dia que era suposto ter sido apresentado o novo embaixador Oren Rosenblat, mas um problema técnico relacionado com as credenciais atrasou esse momento deixando a conferência ao cargo de Yotam Kreiman, embaixador adjunto.

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O diplomata começou por recordar que "no dia 7 de outubro de 2023 pelas seis da manhã membros do Hamas e civis de Gaza que se infiltraram com o Hamas em Israel, violaram e mataram, recorrendo não só à violência sexual, mas também à decapitação", vários civis israelitas e membros das Forças de Defesa de Israel (IDF). "Nesse dia, mais de 1.200 pessoas morreram, mais de 65.000 ficaram desalojadas e mais de 250 pessoas foram raptadas", referiu.

Para Yotam Kreiman este "foi o início de uma guerra lançada por diferentes representantes do Irão" sublinhando que, durante o último ano, "os ataques vieram de várias direções": "Foi o Hamas que começou a 7 de outubro. A partir de 8 de outubro, o Hezbollah, o braço do Irão no Líbano, juntou-se e começou a atacar Israel, disparando milhares de rockets durante mais de 11 meses, até que Israel acabou por atacar".

Sobre o trabalho que está a ser feito para recuperar os 97 reféns que se mantém em Gaza, 34 já confirmados como mortos, Yotam Kreiman partilhou que Israel espera "receber de volta os seus corpos e dar-lhes um enterro adequado em Israel, onde as suas famílias os possam visitar e chorar os seus entes queridos" e garantiu que "devolver os reféns está entre as principais prioridades, não só do governo, mas de todos os israelitas".

O diplomata assegurou ainda que "Israel continua a tentar conduzir negociações" e que "até ao momento concordou com todos os acordos que estiveram sobre a mesa, com exceção de um em que os dirigentes do Hamas pretendiam garantir a continuação do seu domínio na Faixa de Gaza": "Esperamos que o Hamas volte a ter a possibilidade de chegar a um acordo e que façamos tudo o que estiver ao nosso alcance para libertar os reféns que deviam estar em casa. Deveriam ter chegado a casa a 8 de outubro, nunca deviam ter sido levados".

O número dois da embaixada israelita em Portugal argumentou que no último ano "Israel tem feito o melhor que pode para defender os seus civis". Sobre os objetivos do país com a guerra, que nesta altura já se alastrou ao Líbano, Yotam Kreiman partilhou: "Temos esperança, sonhamos com a paz. Há 77 anos que Israel defende esta causa e nunca começou nenhuma das guerras em que participou. Israel luta pela paz, está no nosso ADN e isso não vai mudar. O desejo de paz na região é algo que está na mente de todos os israelitas, desde o mais jovem civil até ao primeiro-ministro".

"É por isso que temos uma paz duradoura e estável com a Jordânia e com o Egito. Tentamos oferecer soluções que conduzam à paz com o Líbano, e um dia destes teremos paz, é só uma questão de não termos os grupos terroristas na sala", continuou. Acrescentando ainda que "os cidadãos do Médio Oriente não estão interessados em ser governados por organizações e grupos terroristas".

Yotam Kreiman apontou que "a luta contra o terrorismo não é apenas uma luta do mundo ocidental, é uma luta de todas as democracias que partilham os valores de Israel, como Portugal", e afirmou ainda: "Estamos suficientemente otimistas para acreditar que venceremos e teremos um futuro mais seguro, mais pacífico e mais próspero".

O Irão foi apontado como o principal inimigo e "desestabilizador do Médio Oriente", uma vez que "faz parte da política externa iraniana garantir que existe um Anel de Fogo em torno de Israel, utilizando os seus diferentes representantes". Por isso, o diplomata defendeu que "o mundo tem de intervir para não permitir que o Irão mantenha a região refém".

Questionado sobre se a melhor forma de alcançar a paz é através da solução de dois estados, Yotam Kreiman respondeu que "existem muitas opiniões diferentes sobre a forma de alcançar a paz", "e se houvesse um caminho claro para o conseguir já teria sido percorrido". Mas deixou claro: "Queremos acabar com a guerra. Queremos acabar com o domínio do Hamas em Gaza e queremos acabar com o domínio do Hezbollah no Líbano".

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