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Ucrânia altera política de recrutamento para manter os combates

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 28 de novembro de 2023 às 10:13
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O plano passa pela utilização de empresas de recrutamento para serviços mais especializados e a garantia de que aqueles que não querem ir para a linha da frente podem também ter um papel no exército.

O governo ucraniano está a planear alterar as práticas de recrutamento de forma a conseguir sustentar a sua capacidade de combate numa altura em que passaram quase dois anos desde o início da invasão russa.

REUTERS/Viacheslav Ratynskyi

Segundo as informações avançadas ao britânicoThe Guardianpelo secretário de Defesa da Ucrânia as mudanças serão anunciadas ainda durante esta semana e incluem a utilização de empresas de recrutamento para serviços mais especializados e a garantia de que os recrutas são destacados para funções que são correspondentes às suas habilitação em vez de serem simplesmente enviados para a frente de guerra.

Oleksiy Danilov explicou que "algumas pessoas estão com medo, de morrer ou de disparar, mas isso não significa que não possam estar envolvidas em outras atividades".

Esta mudança no paradigma ocorre pouco tempo depois do ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, desde o início da guerra ter sido substituído por Rustem Umerov. A troca ocorreu no início de setembro e na passada sexta-feira Volodymyr Zelenskiy afirmou que estava á espera de conhecer as novas políticas de mobilização esta semana.

O secretário de Defesa ucraniano referiu também que o exército vai começar a trabalhar com duas das maiores empresas de recrutamento da Ucrânia para que seja possível identificar pessoas com habilidades específicas e atrair trabalhadores qualificados que queiram ajudar o exército e que até ao momento ainda não o tenham feito por medo de terem de ir para a linha da frente.

"A mobilização será mais flexível, as especialidades exigidas serão anunciadas e as pessoas vão poder voluntariar-se para uma posição específica", explicou exemplificado ainda que neste momento são necessários "soldadores e mecânicos".

O Ministério da Defesa já confirmou que foram assinados contratos com empresas de recrutamento mas não adiantou mais detalhes, remetendo para uma futura comunicação de Zelenskiy.

A questão do recrutamento é especialmente importante neste momento uma vez que a Ucrânia se está a preparar para mais um longo e difícil inverno de guerra, com os termómetros já em valores negativos. A contraofensiva ucraniana lançada no verão não conseguiu reconquistar grandes extensões do território.

Outro fator importante a ser considerado é que nos primeiros meses de guerra foram centenas de milhares de ucranianos que se voluntariaram para ir para as frentes de combate, algo que conseguiu evitar vários avanços russos, no entanto à medida que a guerra se arrasta torna-se mais difícil de mobilizar novos soldados para combater as baixas e muitos dos que permanecem nos combates estão já feridos ou exaustos.

Em agosto foi também conhecido que vários funcionários públicos de recrutamento aceitaram subornos para conceder isenções a cidadãos ucranianos, o que levou Zelenskiy a demitir todos os chefes de recrutamento regionais.

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