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Será Kamala a sucessora de Biden? Corrida ainda não está fechada

Diogo Barreto
Diogo Barreto 22 de julho de 2024 às 07:36
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Barack Obama e Nancy Pelosi não anunciaram ainda o seu apoio à vice-presidente e há outros democratas com vontade de se candidatarem ao lugar deixado vago por Biden.

Pouco tempo distou entre a desistência de Joe Biden da corrida à presidência norte-americana e o avançar da campanha de Kamala Harris. Procurando não deixar cair o ímpeto da campanha democrata, a vice-presidente anunciou que era candidata, recebendo o apoio do presidente. Biden anunciou este domingo que desistia da corrida e que apoiava Kamala Harris como sua sucessora.

EPA/WILL OLIVER

Nas horas seguintes, Kamala usou a sua equipa para fazer centenas de chamadas para convencer os eleitores democratas a garantirem-lhe a sua nomeação na convenção do partido democrata que acontece em agosto. Esta barragem de chamadas tinha duas funções: assegurar o apoio dos eleitores para Harris ao mesmo tempo que tentava demover outros possíveis candidatos democratas de avançarem com a sua candidatura a presidente. "A minha intenção é ganhar esta nomeação. Vou fazer todos os meus possíveis por unir o Partido Democrata - e unir a nação - para derrotarmos Donald Trump", escreveu Harris num comunicado.

Kamala sempre foi apontada pelas sondagens como uma das possíveis substitutas de Biden com mais capacidade de vencer as eleições contra Donald Trump a 5 de novembro deste ano. Mas tem agora a missão de unir o partido democrata atrás da sua candidatura. Segundo a agência Reuters, este domingo Harris falou com o governador da Pensilvânia Josh Shapiro - um possível candidato a vice-presidente - bem como com o líder dos democratas Hakeem Jeffries. O governador da Califórnia Gavien Newsom - que chegou a ser avançado como potencial substituto de Biden - anunciou o seu apoio à candidatura de Kamala

Harris, de 59 anos, significa uma nova dinâmica nesta corrida. Até ao momento a saúde de Biden tinha sido um dos principais alvos da campanha de Trump, mas agora vai defrontar uma mulher 19 anos mais nova. Trump afirmou, em declarações à CNN, que "Harris será mais fácil de vencer do que Biden", mas muitos comentadores têm referido que os debates serão muito mais aguerridos do que aquele que aconteceu em junho entre Biden e Trump.


Joe Biden, de 81 anos, afirmou que apesar de não ser mais o candidato democrata, iria terminar o seu mandato presidencial que apenas termina a 20 de janeiro de 2025. Biden é o primeiro presidente a desistir de uma recandidatura em mais de 50 anos. A última vez que tal aconteceu foi com Lyndon B. Johnson que desistiu da corrida em 1968, em plena guerra do Vietname. Na sua reação, tanto Nancy Pelosi como Barack Obama, dois democratas ainda bastante influentes, saudaram a decisão de Biden, mas não anunciaram quem apoiavam para a nomeação.

Kamala Harris, a procuradora que quer ser presidente

Nascida em 1964, na Califórnia, Kamala Harris serviu como procuradora-geral daquele estado e como senadora. Em 2020 tentou conseguir a nomeação democrata para ser a candidata às eleições presidenciais, tendo sido vencida por Biden que a escolhe como sua vice-presidente. Os dois venceram a recandidatura de Trump-Mike Pence.

Os analistas acreditam que Kamala irá manter uma postura diplomática bastante semelhante à do executivo Biden relativamente a temas internacionais, como as relações com a Ucrânia, China e Irão. A sua postura relativamente a Israel quanto à guerra em Gaza é uma incógnita. 

Uma defensora acérrima dos direitos das mulheres no que toca ao aborot, Kamala apresenta-se como uma candidata progressiva e capaz de dinamizar as franjas mais jovens dos eleitores. 

De acordo com uma sondagem cujos inquéritos foram realizados a seguir ao debate entre Trump e Biden, num debate direto entre a Kamala Harris e Donald Trump, ambos os candidatos teriam uma percentagem semelhante, com Trump a conseguir 43% das intenções de voto e Harris 42%. A sondagem levada a cabo pela Ipsos dava assim um empate técnico entre os dois candidatos, apesar da ligeira vantagem de Trump. No caso do embate ser entre Biden e Trump, cada um dos quais teria 40% do voto popular.

Já a sondagem da CNN dava conta de um cenário em que Harris conseguiria 45% dos votos e Trump 47%. No caso de Biden continuar na corrida, conseguiria 43% dos votos e o candidato republicano 49%. Isto quer dizer que Harris conseguiria um melhor resultado contra Trump do que o atual presidente.

Kamala Harris vai discursar esta segunda-feira pelas 15h30.

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