O comentário do líder da NATO surge no mesmo dia em que a Comissão Europeia apresentou a base legal para avançar com a sua proposta de empréstimo de reparações à Ucrânia.
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, pediu esta quarta-feira aos aliados para manterem o apoio financeiro à Ucrânia, mesmo que a União Europeia (UE) não consiga alcançar um consenso sobre a utilização de ativos russos congelados na Europa.
Rutte pede apoio financeiro mesmo sem consenso para usar ativos russosAP Photo/Matthias Schrader
A utilização dos ativos russos destinar-se-á a um "empréstimo de reparação", embora Rutte considere que recorrer a esses ativos "facilitaria" o apoio económico a Kiev.
"A Ucrânia não pode ficar sozinha. Temos de garantir que o dinheiro continua disponível, como temos feito nos últimos anos. Conseguimos obter fundos necessários para a Ucrânia mesmo sem os ativos congelados", afirmou o responsável político da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) numa conferência de imprensa no final da reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros aliados.
Segundo Rutte, os aliados europeus estão comprometidos em explorar a utilização dos ativos russos congelados, mas, em todo o caso, alertou para o facto de que, "se isso não acontecer", será necessário procurar outra forma de financiamento.
"Então fica absolutamente claro que teremos de obter o dinheiro de outra forma. Vamos ver até onde conseguimos chegar, porque, obviamente, isso facilitaria as coisas", acrescentou.
O comentário do líder da NATO surge no mesmo dia em que a Comissão Europeia apresentou a base legal para avançar com a sua proposta de empréstimo de reparações à Ucrânia, apesar de a Bélgica questionar abertamente a sua legalidade.
Vários países da NATO anunciaram hoje mais de mil milhões de euros em ajuda militar adicional à Ucrânia e apelaram a Moscovo para que cesse as ameaças e inicie negociações sérias com Kiev.
Vários deles, incluindo a Noruega, a Polónia e a Alemanha, anunciaram que vão adquirir cerca de mil milhões de euros em armas norte-americanas para a Ucrânia.
O Canadá também prometeu 200 milhões de euros, e os Países Baixos anunciaram na segunda-feira um compromisso de 250 milhões de euros.
A França, que não participa neste programa, está sob pressão dos seus parceiros, incluindo a Alemanha e os Países Baixos, para contribuir mais para o apoio militar à Ucrânia.
Rutte reiterou os elogios ao presidente norte-americano, Donald Trump, por desbloquear as negociações de paz com a Rússia, alertando, ao mesmo tempo, que o processo "não é algo que aconteça de forma linear e de uma só vez".
"É necessário ter propostas sobre a mesa e é preciso discutir", afirmou, garantindo que o processo será gradual e "passo a passo".
Segundo o secretário-geral da NATO, a organização quer que as conversações consolidem uma Ucrânia "soberana", com garantias de segurança que assegurem que a Rússia "nunca mais tentará atacar a Ucrânia". "É isso que procuramos", reforçou.
Neste sentido, o ex-primeiro-ministro dos Países Baixos apelou à continuação do apoio militar à Ucrânia, para reforçar o país e aumentar a pressão sobre a Rússia.
"Não vamos a lado nenhum. Falamos a sério. Vamos garantir que a Ucrânia tem o que precisa para se manter na luta", afirmou, reiterando a importância do programa PURL, através do qual os aliados adquirem armamento de fabrico norte-americano para fornecer à Ucrânia.
O acordo financeiro conhecido como Lista de Necessidades Prioritárias da Ucrânia (PURL) reúne as contribuições dos membros da NATO, com exceção dos Estados Unidos, para a compra de armas, munições e equipamento norte-americanos.
Rutte defendeu ainda a continuação da imposição de sanções económicas a Moscovo, sublinhando que se nota o "impacto na economia russa", perante as tentativas do Kremlin de "ocultar" as consequências da economia de guerra.
"Está a aproximar-se do fim do caminho no que respeita a estas formas de encobrir o enorme impacto económico das sanções", indicou, referindo-se também ao apertar do cerco à chamada "frota fantasma" russa, com navios que transportam petróleo para a Rússia contornando as sanções.
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