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Reconhecimento da Palestina: França avisa Israel que responderá com extrema firmeza em caso de retaliação

O reconhecimento do Estado Palestiniano pela França será confirmado com um discurso esta tarde do Presidente francês, Emmanuel Macron, em Nova Iorque, por ocasião da abertura da Assembleia-Geral da ONU.

O Governo francês vai responder com extrema firmeza se Israel tomar medidas de retaliação, como o encerramento da sua embaixada, devido ao reconhecimento do Estado Palestiniano, declarou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot.

Macron discursa na Assembleia-Geral da ONU sobre a Palestina
Macron discursa na Assembleia-Geral da ONU sobre a Palestina Felix Zahn/picture-alliance/dpa/AP Images

“Se tais medidas forem tomadas, responderemos com extrema firmeza. Espero que não chegue a esse ponto (…). Não é de forma alguma do interesse deles [israelitas]”, declarou Barrot à rádio TF1.

O reconhecimento do Estado Palestiniano pela França será confirmado com um discurso esta tarde do Presidente francês, Emmanuel Macron, em Nova Iorque, por ocasião da abertura da Assembleia-Geral da ONU.

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês afirmou hoje que a iniciativa de reconhecer o Estado Palestiniano "serve à segurança de Israel".

"A sua implementação será gradual e condicionada pelos acontecimentos no terreno, incluindo a libertação dos reféns", esclareceu Barrot.

A França declarou que para o reconhecimento da Palestina, a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), tal como prometido, tem de realizar uma reforma profunda na sua governação e o Hamas deve ser desarmado, o que implicaria o fim do seu controlo sobre a Faixa de Gaza. Para tal, espera-se também a assistência de países árabes aliados.

“A nossa análise, a nossa profunda convicção, é que o Estado Palestiniano significa o fim do Hamas e a segurança de Israel", referiu o chefe da diplomacia francesa.

Barrot justificou a sua recusa em utilizar o termo genocídio para descrever o que se passa em Gaza com a ofensiva militar israelita, defendendo que esta questão deve ser decidida "pelas jurisdições internacionais, pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) e pelo Tribunal Penal Internacional" (TPI).

No entanto, observou que o relatório da ONU que utiliza o termo genocídio realça a gravidade da situação e é um apelo para que "cesse" o sofrimento do povo palestiniano, pois "Gaza tornou-se um lugar de morte".

As bandeiras palestinianas e israelitas foram projetadas na Torre Eiffel, na noite passada, acompanhadas por uma pomba que transportava um ramo de oliveira, símbolo da paz, no bico.

A Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e Implementação da Solução de Dois Estados, copresidida pela França e Arábia Saudita, decorre hoje em Nova Iorque, na qual vários países reconhecerão o Estado palestiniano.

Além de Portugal, Reino Unido, Canadá e Austrália - que já anunciaram o reconhecimento do Estado palestiniano no domingo -, Andorra, Bélgica, França, Luxemburgo, Malta e São Marino vão reconhecer o Estado palestiniano durante a conferência, segundo anunciou o Palácio do Eliseu.

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