Para Soares dos Santos "o que se está a assistir é que se está a transferir para o privado e os Estados têm obrigação de investir para o bem-estar das suas populações".
O presidente da Fundação Oceano Azul, instituição que se dedica à conservação dos oceanos, acusou hoje os Estados de se estarem a retirar da responsabilidade de investirem no bem comum como é a proteção do oceano.
REUTERS/Regis Duvignau
"Há uma enorme demissão dos Estados naquilo que é a sua missão. Nos oceanos as fronteiras são muito mais difíceis, há toda uma área que não pertence a ninguém como existe em terra, em terra há sempre uma fronteira que diz onde começa e onde acaba. No oceano isso não existe, e de alguma forma os Estados dizem que isto é um problema demasiado complicado", disse à Lusa José Soares dos Santos, à margem do Fórum Financeiro da Economia Azul que está decorrer no Mónaco.
Para Soares dos Santos, "o que se está a assistir é que se está a transferir isto para o privado e o capital privado naturalmente que tem que responder a um conjunto que individualmente tem uma expectativa de retorno, os Estados têm obrigação de investir para o bem-estar das suas populações e dos locais onde vivem", sublinhou.
"Fico sempre muito espantado com o pouco que os governantes sabem sobre os reais problemas e as soluções sobre os oceanos e nas agendas deles, que são enormes, acabam sempre por pegar nos 'soundbites' e não é com 'soundbites' que vamos lá", sublinhou.
O Fórum Financeiro da Economia Azul acontece a dois dias do arranque da conferência das Nações Unidas em Nice (sul de França e a 23 quilómetros do Mónaco) e a organização tem como objetivo "ativar o financiamento para restaurar a saúde dos oceanos e acelerar a transição para uma economia azul sustentável e regenerativa".
"Se queremos resolver os problemas que temos à nossa frente temos é que começar a fazer, nós já temos conhecimento suficiente para sabermos o que temos que fazer, temos é que ser muito práticos, pragmáticos nas ações que temos que desenvolver, e naturalmente, nestes grandes encontros os discursos são muito repetidos e são pouco aplicados à prática", defendeu Soares dos Santos, que também foi um dos oradores de um dos painéis de discussão na manhã de hoje.
A Fundação Oceano Azul, que gere o Oceanário de Lisboa e tem por objeto contribuir para a conservação e utilização sustentável dos oceanos, foi criada pela família Soares dos Santos através da Sociedade Francisco Manuel dos Santos, grupo empresarial com presença global em áreas como a distribuição, a indústria, o agroalimentar, o retalho especializado, os cuidados de saúde, a cidadania e o ambiente.
Os cientistas consideram que o oceano está a atravessar uma crise profunda. Enfrenta desafios significativos devido à eutrofização, agravamento da acidificação, o declínio dos stocks de peixe, o aumento das temperaturas e poluição generalizada. Todos estes fatores contribuem para a destruição de habitats e para o declínio da biodiversidade.
Presidente da Fundação Oceano Azul critica Estados por falta de investimento
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