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Portugal apoia Ucrânia? "Bem, está quase", diz Zelensky

O presidente da Ucrânia incluiu Portugal num grupo dos países mais reticentes a tomar decisões de apoio ao seu país, durante a invasão russa. Mensagem vídeo foi transmitida perante Conselho Europeu.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky dirigiu-se ao Conselho Europeu através de uma mensagem vídeo. Zelensky defendeu a entrada da Ucrânia na União Europeia e agradeceu a aplicação de sanções à Rússia, se bem que tardia. De seguida, referiu-se a cada país da União Europeia, quanto às decisões tomadas para prestar apoio ao seu país, e incluiu Portugal no grupo dos mais reticentes. Quando mencionou Portugal e a Irlanda, depois de vários países que "defendiam" a Ucrânia, disse: "Bem... Quase."

Ukrainian Presidential Press Service/Handout via REUTERS

"Quero agradecer-vos - estão unidos, unidos à nossa volta. Mas quero dizer que foi feito de uma maneira ou de outra. Mas de novo, o principal é que se uniram. E nós agradecemos mesmo isso. Aplicaram sanções. Sentimo-nos gratos. São passos poderosos. Mas foi um pouco tarde. Porque se tivesse sido preventivo, a Rússia não teria iniciado a guerra. Pelo menos ninguém sabe com certeza. Havia uma chance", afirmou. "Bloquearam a Nord Stream 2. Estamos agradecidos e com razão. Mas foi um pouco tarde. Porque se tivesse sido a tempo, a Rússia não teria criado uma crise de gás. Havia uma chance."

"E agora eu e vocês estamos a preparar a entrada da Ucrânia na União Europeia. Finalmente. Aqui peço-vos - não se atrasem. Por favor. Porque durante este mês compararam estes mundos, e vêem tudo. Viram quem vale o quê. E viram que a Ucrânia merece estar na União Europeia no futuro próximo. Pelo menos têm tudo para isso. E temos esta chance", frisou, de acordo comuma transcrição do discurso

"A Lituânia defende-nos. A Letónia defende-nos. A Estónia defende-nos. A Polónia defende-nos. França - Emmanuel, acredito mesmo que vão defender-nos. Eslovénia defende-nos. Eslováquia defende-nos. República Checa defende-nos. A Roménia sabe o que é a dignidade, por isso vai defender-nos no momento crucial. A Bulgária defende-nos. A Grécia, acredito, defende-nos. Alemanha... Um pouco mais tarde.Portugal - bem, está quase...A Croácia defende-nos. Suécia - azul e amarelo sempre se apoiaram. Finlândia - sei que está connosco. Os Países Baixos defendem o racional, por isso vamos encontrar território em comum. Malta - eu acredito que vamos ter sucesso. Dinamarca - eu acredito que teremos sucesso. Luxemburgo - entendemo-nos. Chipre - acredito mesmo que estão connosco. Itália - obrigada pelo vosso apoio! Espanha - vamos encontrar território comum. Bélgica - vamos encontrar argumentos. Áustria, junta com os ucranianos, é uma oportunidade para vocês. Tenho a certeza. Irlanda - bem, está quase."

A Hungria foi o país mais criticado por Zelensky, que pediu esclarecimentos sobre que lado é que apoia. Recorde-se que o primeiro-ministro húngaro Viktor Órban é um dos maiores aliados de Putin na UE. 

"Acreditamos em vocês! Precisamos do vosso apoio. Acreditamos nas vossas pessoas. Acreditamos na União Europeia. E acreditamos que a Alemanha estará connosco no momento crucial também. Obrigado! Glória à Ucrânia", terminou Zelensky. 

Líderes europeus reconhecem "aspirações europeias" de Kiev mas aguardam parecer

Os chefes de Governo e de Estado da UE disseram hoje reconhecer as "aspirações europeias e a escolha europeia" da Ucrânia para obter estatuto de país candidato ao bloco comunitário, aguardando porém parecer da Comissão Europeia.

"A UE está ao lado da Ucrânia e do seu povo e o Conselho Europeu reafirma a Declaração de Versalhes reconhecendo as aspirações europeias e a escolha europeia da Ucrânia, iniciadas com um acordo de associação", defendem os líderes dos 27 nas conclusões divulgadas esta madrugada, após várias horas de discussão sobre a guerra na Ucrânia, no Conselho Europeu, em Bruxelas.

Porém, "o Conselho Europeu reitera o convite feito à Comissão para emitir o seu parecer, em conformidade com as disposições aplicáveis dos Tratados", acrescentam os líderes europeus.

Segundo fontes diplomáticas, alguns Estados-membros desejavam que, nestas conclusões, houvesse uma linguagem mais forte no sentido de ser dada uma real perspetiva de adesão à Ucrânia, o que outros países rejeitaram por entenderem que esse é um processo complexo, com regras claras contempladas nos Tratados e que não pode ser "acelerado".

Numa cimeira informal celebrada há duas semanas em Versalhes, França, esta questão já suscitara diferentes posições entre os 27, e, no final de uma discussão que se prolongou por horas e também entrou pela madrugada, os líderes adotaram uma declaração na qual expressam todo o apoio ao "caminho europeu" da Ucrânia e prometem um reforço dos laços, mas sem se comprometerem com qualquer procedimento acelerado para o alargamento.

Na ocasião, o primeiro-ministro, António Costa, considerou que a adesão à UE não é a resposta adequada para "o que a Ucrânia hoje precisa", pois é um processo "necessariamente demorado, necessariamente incerto", e impõe-se agora é uma "resposta urgente e efetiva".

Também há duas semanas, os embaixadores dos 27 Estados-membros junto da UE chegaram a acordo para pedir à Comissão Europeia para avaliar os pedidos da Ucrânia, Geórgia e Moldova para obterem o estatuto de países candidatos ao bloco comunitário.

Bruxelas está agora a realizar um parecer sobre cada um dos pedidos de adesão à UE, apresentados pela Ucrânia, Geórgia e Moldova.

No final de fevereiro, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assinou o pedido formal para a entrada do país na UE, solicitando o estatuto de candidato, seguindo-se solicitações da Geórgia e Moldova no mesmo sentido.

A Comissão Europeia já veio, porém, recordar que "há um procedimento a respeitar", complexo e moroso.

Também o Conselho Europeu tem "pontos de vista diferentes na Europa e várias opiniões" entre os líderes europeus sobre a atribuição de estatuto de candidato à Ucrânia, segundo admitiu o presidente da estrutura, Charles Michel, reconhecendo uma discussão difícil.

Nas conclusões hoje divulgadas, são ainda mencionadas as "sanções significativas já adotadas", bem como a disponibilidade da UE em "avançar rapidamente com mais robustas e coordenadas" medidas restritivas, sem contudo serem anunciadas novas.

Ao vincar que "estes crimes de guerra devem parar imediatamente", os chefes de Governo e de Estado da UE adiantam que "os responsáveis e os seus cúmplices serão chamados à responsabilidade ao abrigo da lei internacional", numa alusão ao apoio bielorrusso ao regime russo.

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