Num encontro com jesuítas durante a JMJ, em Lisboa, Francisco respondeu às perguntas sobre o estado da Igreja.
Um jesuíta português perguntou ao Papa Francisco o quê que ele sente quando os bispos, nomeadamente dos Estados Unidos, criticam a sua liderança na Igreja Católica Romana abertamente. Em resposta, Francisco criticou a "forte atitude reacionária" entre os católicos americanos.
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O encontro entre o líder da Igreja Católica e os jesuítas da Província Portuguesa da Companhia de Jesus ocorreu durante a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa - que decorreu de 1 a 6 de agosto - na capela do Colégio S. João de Brito.
A transcrição da conversa foi esta semana publicada pelaLa Civiltà Cattolicae pelosite dos Jesuítas. Perante uma pergunta, Francisco não perdeu a oportunidade para deixar mais uma crítica à sociedade, neste caso muito em concreto aos conservadores norte-americanos.
Caracterizou os católicos norte-americanos com a palavra italiana "indiestristi", ou seja pessoas retrógradas que não são capazes de entender como a fé e a moral podem evoluir: "Estes grupos de americanos de que fala são tão fechados que se estão a isolar. Em vez de viveram pela doutrina, pela doutrina verdadeira que sempre se desenvolve e dá frutos, vivem por ideologias. Quando abandonamos a doutrina na vida para substituí-la por uma ideologia, perdemos, perdemos como na guerra".
Francisco advertiu ainda para os efeitos causados por essa moralidade, que são "devastadores" devido à "mentalidade rígida e destorcida" e deixou um aviso: "Gostaria de lembrar essas pessoas de que oindietrismoé inútil e precisamos de compreender que há uma evolução adequada na compreensão das questões de fé e de moral (…) Por outras palavras, a doutrina também progride, se expande, se consolida com o tempo e se torna mais firme, mas sempre progredindo. A mudança desenvolve-se da raiz para cima, crescendo de acordo com estes três critérios".
Esta não foi a primeira vez que o Papa falou sobre os críticos conservadores dos Estados Unidos que se têm oposto à liderança de Francisco e posto em causa questões teológicas e sociais, nomeadamente relacionadas com ambiente e migração.
Alguns analistas têm referido que depois da morte de Bento XVI Francisco parece estar mais livre para dizer o que pensa e criticar os conservadores. Já que como papa emérito, Bento demonstrou opiniões contrárias a Francisco e permaneceu como um símbolo importante para os conservadores católicos.
Por outro lado, a saúde de Francisco tem-se demonstrado cada vez mais frágil pelo que o Pontífice pode estar a sentir que se aproxima a sua hora de renunciar e, por isso, querer garantir que no seu legado se encontra uma Igreja com mudanças reais na doutrina.
Já na terça-feira outro comentário feito pelo Papa criou desconforto na comunidade internacional. Num encontro comjovens católicos em São Petersburgo, o argentino afirmou: "Não se esqueçam da vossa herança. Vocês são herdeiros da Grande Rússia, da Grande Rússia dos santos, dos reis, da Grande Rússia de Pedro o Grande, de Catarina II, daquele grande império russo, com tanta cultura e tanta humanidade".
Tais declarações não foram bem vistas pelos ucranianos, que acusaram o Papa de vangloriar um dos argumentos usados pelo Kremlin para justificar a invasão da Ucrânia. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Oleg Nikolenko, comentou a situação referindo: "É muito lamentável que as ideias do grande Estado russo, que, de facto, são a causa da agressão crónica da Rússia, consciente ou inconscientemente, venham da boca do Papa".
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