Esta quinta-feira foi nomeado um general para chefiar governo de transição. Autoridades portuguesas dizem estar em contacto com os emigrantes que vivem no país.
No passado sábado (26) o Gabão foi a eleições presidenciais, legislativas e autárquicas. Ali Bongo, presidente do país, procurava a reeleição numa altura em que os seis maiores partidos da oposição já se tinham coligado para fazer frente ao poder instituído pela família Bongo há 56 anos. O ato eleitoral terminou com um golpe militar.
O período de campanha eleitoral no Gabão até foi tranquilo, mas todos pareciam saber que o país vivia uma espécie de "paz podre". Antes das eleições já se falava numa revolução e tal seria apenas o culminar de uma série de manifestações contra o poder instalado de Ali Bongo.
Desde que conquistou o poder, muitos gaboneses questionavam a veracidade dos votos e acusavam-no de fraude eleitoral. A pobreza vivida por um terço da população foi um dos fatores de maior contestação mas, durante a campanha, o político prometeu criar mais emprego, impulsionar o microcrédito e reduzir os custos associados à educação.
Mas parece não ter sido suficiente. Assim que foi confirmada a terceira reeleição, o Gabão entrou num clima de insegurança tal que culminou, na quarta-feira, com um golpe de estado levado a cabo por um grupo de militares.
Uma hora depois do anúncio, um conjunto de oficiais que responde pelo nome Comité de Transição e Restauração das Instituições e diz representar todas as forças armadas do país, apareceu na televisão a proclamar o poder, a anunciar a anulação dos resultados eleitorais e a comunicar o encerramento de fronteiras.
A vitória de Ali Bongo foi igualmente questionada pela oposição que falou em falta de transparência, criticando a ausência de apoio internacional, a suspensão de transmissões estrangeiras, o corte na Internet e ainda a imposição geral de recolher obrigatório.
REUTERS
Ali Bongo, o líder detido depois de 14 anos no poder
Ali Bongo Ondimba tem 64 anos e é presidente do Gabão desde 2009. À data, após a morte do seu pai - Omar Bongo – candidatou-se ao cargo que ganhou sob muita controvérsia.
Com a família Bongo a governar há 56 anos, muitos foram os que questionaram o seu poder de decisão, principalmente a partir de 2018 altura em que o presidente sofreu um acidente vascular cerebral e teve de passar por um longo período de reabilitação em Marrocos.
De acordo com o grupo militar, Ali Bongo terá sido detido por corrupção e traição, encontrando-se em prisão domiciliária. O seu filho, Noureddin Bongo Valentin, terá sido igualmente preso.
REUTERS
Brice Nguema, o líder de transição
Neste momento ainda não são claros os objetivos do Comité de Transição e Restauração das Instituições. Sabe-se apenas que, caso seja bem-sucedido, ditará o fim do legado da família Bongo.
Esta quinta-feira, Brice Oligui Nguema, um oficial do grupo, foi nomeado líder de transição. Natural da província de Haut-Ogooue, falamos do homem que em 2019 foi nomeado chefe da Guarda Republicana do Gabão, a autoridade responsável pela segurança do presidente bem como da sua família e de outros políticos.
Em entrevista aoLe Monde, o militar confirmou que as pessoas do seu país se sentiam "frustradas com o governo" e que, "já que ninguém assumia a responsabilidade", o exército "decidiu virar a página".
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
Trazemos-lhe um guia para aproveitar o melhor do Alentejo litoral. E ainda: um negócio fraudulento com vistos gold que envolveu 10 milhões de euros e uma entrevista ao filósofo José Gil.