Por determinação do Alto Comando Militar, que tomou o poder no país esta semana.
Os órgãos de comunicação social guineenses mantêm-se encerrados desde quarta-feira por determinação do Alto Comando Militar, que tomou o poder na Guiné-Bissau na véspera da divulgação dos resultados das eleições gerais.
País está sob um regime militarEPA
Os militares decidiram levantar a partir desta sexta-feira algumas das restrições, nomeadamente o recolher e a reabertura do espaço aéreo, mas não há alterações em relação à suspensão da imprensa, relataram hoje à Lusa os diretores de alguns órgãos de comunicação social guineenses.
"Apenas estão a funcionar a TGB [televisão pública] e a RDN [rádio pública] , nós não estamos a emitir desde quarta-feira", contou à Lusa, via telefone, Tiago Seide, jornalista e diretor da rádio Capital FM.
Tiago Seide especificou que o comunicado divulgado na quinta-feira pelo Alto Comando Militar "não se referiu ao levantamento das restrições dos órgãos de comunicação social, refere apenas escolas, hospitais, meios de transporte", entre outras atividades, sobretudo privadas.
O diretor da Capital FM frisou que "não há como desafiar" a decisão militar, até porque, concretizou, a rádio que dirige "foi por duas vezes atacada e destruída [nos últimos anos] por pessoas com uniformes, mas que até agora não foram identificadas nem levadas à Justiça".
Quando se ouviram os tiros, cerca do meio-dia de quarta-feira, os responsáveis decidiram imediatamente encerrar a rádio e mandar os colaboradores para casa, antes mesmo do anúncio do tomada de poder pelos militares.
Os profissionais continuam em casa a trabalhar informação que vão divulgando nas páginas da rádio nas redes sociais, apesar de o acesso às mesmas também ter sido restringido, disse.
No momento atual na Guiné-Bissau, "todo o cuidado é pouco", acrescentou, salientando que já anteriormente "o exercício da profissão era caracterizado por medo".
"Agora a situação agravou-se. Se no passado os jornalistas tinham medo de relatar os factos, denunciar, agora que os militares assumiram o poder não tem como não se agravar", considerou.
Os únicos jornalistas que estão no terreno são os dos órgãos públicos guineenses, indicou, sublinhando que todos os outros estão a trabalhar a partir de casa, tentando confirmar o que vai surgindo nas redes sociais.
A mesma descrição da situação da comunicação social guineense foi feita à Lusa pelo diretor da rádio Sol Mansi, Casimiro Cajucam, indicando que "continua tudo fechado", no que se refere à comunicação social.
"Neste momento estamos numa situação um pouco difícil porque não nos permite trabalhar, estamos com insegurança, medo", afirmou à Lusa.
À porta da rádio Sol Mansi estão militares a vigiar as instalações, onde os profissionais não entram desde quarta-feira, quando foram expulsos da estação, contou.
"Chegou um carro cheio de homens fardados na nossa direção, entraram e mandaram todos sair e encerraram as nossas emissões", concretizou.
Os profissionais da rádio Sol Mansi continuam a acompanhar a situação no país a partir de casa e das redes sociais, onde vão também atualizando informação nas páginas próprias.
Ir para o terreno está fora de questão porque "é um pouco arriscado, sobretudo estar no terreno identificado [como jornalista]".
Casimiro Cajucam descreveu à Lusa que "a situação está aparentemente calma" em Bissau, "a vida está a retomar a normalidade, mas sempre com desconfiança".
Hoje, disse, o movimento está "quase como antes" e há presença de militares que fazem controlo em algumas zonas da cidade, nomeadamente na área do aeroporto.
O general Horta Inta-A foi empossado Presidente de transição, numa cerimónia que decorreu no Estado-Maior General das Forças Armadas guineense, um dia depois de os militares terem tomado o poder no país, antecipando-se à divulgação dos resultados das eleições gerais de 23 de novembro.
Os militares anunciaram a destituição do Presidente, Umaro Sissoco Embaló, suspenderam o processo eleitoral e os órgãos de comunicação social.
As eleições, que decorreram sem registo de incidentes, realizaram-se sem a presença do principal partido da oposição, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e do seu candidato, Domingos Simões Pereira, excluídos da disputa e que declararam apoio ao candidato opositor Fernando Dias da Costa.
Simões Pereira foi detido e a tomada de poder pelos militares está a ser denunciada pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.
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