Sábado – Pense por si

ONU dá primeiro passo para criar tratado para crimes contra a humanidade

Lusa 19 de novembro de 2022 às 10:31
As mais lidas

Embora existam tratados internacionais centrados em crimes de genocídio, tortura, apartheid e desaparecimentos forçados, não existe um tratado internacional especificamente para crimes contra a humanidade.

REUTERS/Eric Thayer

Um comité da Organização das Nações Unidas (ONU) deu um primeiro passo, na sexta-feira, para negociar um tratado sobre crimes contra a humanidade cometidos em qualquer altura e não apenas durante conflitos.

O comité que trata das questões jurídicas da ONU aprovou uma resolução que autoriza os seus membros a realizarem sessões, em abril de 2023 e abril de 2024, para debater os estatutos para este tratado, apresentado pela Comissão de Direito Internacional, um corpo de peritos da organização na área de Direito.

Seria mais tarde a comissão jurídica a tomar uma decisão quanto a propor um tratado durante a sessão da Assembleia-Geral, com início em setembro de 2024.

A resolução que dá início ao processo segue agora para a assembleia dos 193 países-membros, onde a aprovação está praticamente assegurada antes do final do ano.

Richard Dicker, conselheiro jurídico para a defesa dos Direitos Humanos da organização não-governamental Human Rights Watch (HRW), afirmou que, "com ofensas desenfreadas que se traduziram em crimes contra a humanidade, nos últimos meses, em países como Myanmar [antiga Birmânia], Ucrânia e Etiópia, o movimento no sentido de negociar um tratado para prevenir estes crimes é um passo positivo, embora tardio".

Embora existam tratados internacionais centrados em crimes de genocídio, tortura, apartheid e desaparecimentos forçados, a HRW afirma não existir um tratado internacional especificamente para crimes contra a humanidade.

Os crimes contra a humanidade têm sido definidos pelo Tribunal Penal Internacional.

Segundo o grupo de Direitos Humanos, estes são assassinatos, violações, torturas, apartheid, deportações, perseguições e outras ofensas "cometidas como parte de um ataque generalizado ou sistemático contra uma população civil com base numa política governamental ou organizacional".

A proposta de tratado apresentada pela Comissão de Direito Internacional, em 2019, exigiria que todos os países que o ratificassem incluíssem a definição desses atos nas legislações nacionais e tomassem medidas de prevenção e punição dos responsáveis por crimes contra a humanidade, concluiu a HRW.

Artigos Relacionados
Urbanista

A repressão nunca é sustentável

Talvez não a 3.ª Guerra Mundial como a história nos conta, mas uma guerra diferente. Medo e destruição ainda existem, mas a mobilização total deu lugar a batalhas invisíveis: ciberataques, desinformação e controlo das redes.