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Moradores de Gaza "algemados e vendados" em hospitais israelitas

Médicos israelitas partilharam com a BBC as condições em que os palestinianos detidos em Gaza enfrentam nos hospitais do país.

Palestinianos detidos em Gaza e levados para Israel são recorrentemente mantidos algemados a camas de hospitais, vendados, por vezes nus e forçados a usar fraldas. Estas acusações foram feitaspor médicos israelitas à BBC, um descreveu mesmo as práticas como "tortura". 

REUTERS/Ronen Zvulun

Foram detalhados procedimentos num hospital militar que causam "uma dor inaceitável" aos detidos e são realizados "rotineiramente" e sem qualquer tipo de analgésicos.  

Já um médico de um hospital público partilhou que os analgésicos foram usados "seletivamente" e "de forma muito limitada" durante um procedimento médico invasivo realizado a um palestiniano detido em Gaza. Este médico acusou ainda Israel de manter pacientes gravemente doentes sem tratamento adequado e em instalações militares improvisadas, especialmente no hospital militar de campanha na base militar de Sde Teiman, no sul de Israel.

Também um palestiniano detido em Gaza e levado para Israel para ser interrogado partilhou com a BBC, após ser libertado, que a sua perna teve de ser amputada porque lhe foi negado o tratamento necessário para uma ferida infetada.  

As Forças de Defesa Israelitas (IDF) garantem que todos os detidos foram tratados "de forma adequada e cuidadosa".  

Em fevereiro, os Médicos pelos Direitos Humanos de Israel já tinham publicado umrelatório que acusava as prisões civis e militares Israel de se terem tornado "um aparelho de retribuição e vingança"onde os direitos humanos dos detidos estavam a ser violados, especialmente no que diz respeito ao direito de acesso a cuidados de saúde. 

O hospital militar de Sde Teiman foi criado após os ataques de 7 de outubro depois de alguns hospitais públicos terem partilhado a sua relutância em cuidar de possíveis combatentes do Hamas. Desde então é para aqui que as IDF levam o grande número de detidos em Gaza para interrogatório apesar de o exército não apresentar dados sobre quantas pessoas aqui mantém.  

O chefe do Conselho de Ética do país, Yossi Walfisch, fez uma visita ao hospital de campanha e defendeu que todos os pacientes devem ter o direito de ser tratados sem serem algemados, mas que a segurança do pessoal médico deve prevalecer sobre as outras considerações éticas. Mais tarde publicou uma carta onde garantiu que "os terroristas recebem tratamento médico adequado".

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