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Maduro ganha presidenciais na Venezuela, diz Conselho Eleitoral

Os resultados foram anunciados depois de contados 80% dos boletins de voto e 59% dos eleitores terem comparecido às urnas. Mas a eleição foi ensombrada por incidentes e até uma morte.

O Presidente cessante Nicolas Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,20% dos votos, anunciou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela.

EPA/RONALD PENA R

Maduro obteve 5,15 milhões de votos, à frente do candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, que obteve pouco menos de 4,5 milhões (44,2%), de acordo com os números oficiais anunciados pelo presidente do CNE, Elvis Amoroso.

Os resultados foram anunciados depois de contados 80% dos boletins de voto e 59% dos eleitores terem comparecido às urnas. O resultado "é irreversível", declarou.

A oposição do país diz que o seu candidato, Edmundo González, é o verdadeiro vencedor. Segundo a agência noticiosa Reuters, várias polémicas ensombram a eleição - e a contagem dos votos.

O que ocorreu com a contagem dos votos?

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela anunciou depois da meia-noite que Nicolás Maduro tinha conquistado um terceiro mandato de seis anos com 51% dos votos. O mesmo órgão indicou que Edmundo González conquistou 44% dos votos, mas a líder da oposição Maria Corina Machado garantiu que o seu candidato tinha conseguido 70% dos votos e que várias sondagens e contagens rápidas lhe davam a vitória.

González não disse aos seus apoiantes para irem para as ruas ou para recorrerem à violência. Machado diz que a oposição tem cópias de cerca de 40% dos registos de voto.

"Colectivos" perturbam eleições

Segundo a Reuters, o governo disse que a votação foi pacífica, tendo-se registado pequenos incidentes. Contudo, grupos de apoiantes de Maduro, conhecidos como "colectivos", envolveram-se em confrontos com apoiantes da oposição.

O site Al-Jazeera descreve estes grupos como forças paramilitares leais a Nicolás Maduro, que em 2019, por exemplo, lançaram gás lacrimogéneo e vários tiros durante eventos de Juan Guaidó, outro líder da oposição. Costumam agir de cara tapada, chegar aos locais de mota e as suas origens remontam aos anos 60.

"Admiro-os", disse em 2019 Nicolás Maduro. "São organizações criadas para o bem da comunidade. Os 'colectivos' trabalham para a sociedade, para os doentes, pela paz, e contra o crime."

Nestas eleições, os "colectivos" estiveram envolvidos em conflitos à porta da maior assembleia de voto de Caracas, bem como em mais seis locais. Um homem morreu alvejado pelos "colectivos" no estado de Tachira.

Como reagiu a comunidade internacional aos resultados eleitorais?

Os EUA têm preocupações sérias de que os resultados anunciados pelo Conselho Eleitoral não correspondam aos votos do povo venezuelano, assumiu o secretário de Estado Antony Blinken.

Na Argentina, Javier Milei considerou os resultados uma "fraude", algo rejeitado pela Costa Rica e pelo Peru.

Já o Chile disse que não aceitaria nenhum resultado que não fosse verificável. Recorde-se que na sexta-feira à noite, um conjunto de observadores do Parlamento Europeu - em que figurava Sebastião Bugalho - convidado pela oposição venezuelana foi impedido de entrar na Venezuela.

Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia, considerou que "o povo da Venezuela votou no futuro do seu país de forma pacífica e numerosa". "A sua vontade deve ser respeitada. Assegurar transparência total no processo eleitoral, incluindo uma contagem detalhada dos votos e acesso aos registos de voto nas assembleias de voto, é vital", frisou.

Cuba, Honduras e Bolívia deram os parabéns a Maduro.

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