O presidente anarcocapitalista da Argentina tomou posse a 10 de dezembro de 2023. Passado um ano, a inflação diminuiu e a pobreza aumentou.
Auto-intitulado como anarcocapitalista, Javier Milei declarou em 2023 a intenção de diminuir o poder do Estado, instalar políticas ultra-liberais e cortar nos gastos públicos. "Portanto, a conclusão é que não há alternativa ao ajuste e não há alternativa ao choque. Naturalmente, isto terá um impacto negativo no nível de atividade, no emprego, nos salários reais e no número de pessoas pobres e indigentes", afirmou durante a tomada de posse como presidente da Argentina, em 2023. Um ano depois, o que mudou?
REUTERS/Agustin Marcarian/File Photo
De acordo com dados do Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina), a inflação passou de 25,5% ao mês em dezembro de 2023 para 2,7% ao mês em outubro de 2024. Para esta redução se verificar, os custos sociais foram altos e neste momento mais de metade da população (perto de 53% dos cerca de 46 milhões de argentinos) vive em situação de pobreza. Ainda assim, a taxa anual do índice de preços ao consumidor (IPC) situava-se nos 193% em outubro de 2024 e continua a ser uma das mais altas do mundo.
Outra das medidas económicas de emergência impostas pelo governo de Milei foi também a desvalorização da moeda argentina, o peso, em 52%. Medidas como a "dolarização" da economia, que tinha como objetivo a troca da moeda do país pelo dólar, e o fecho do Banco Central da Argentina acabaram por ser adiadas. Durante uma entrevista à CNN Espanha, em abril, o presidente argentino disse: "Não creio que chegaremos lá antes das eleições legislativas do ano que vem".
A redução dos ministérios também fez parte das medidas para reduzir os gastos públicos. Passaram de 18 a 8, tendo desaparecido nomeadamente o ministério da Educação, Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Cultura e Mulheres. Também foram cortados mais de 30 mil empregos estatais e congelados os projetos para obras públicas.
Ainda no campo económico, o governo de Milei decidiu acabar com o programa de subsídios para itens básicos de consumo, o Preço Justo, e os preços subiram nos supermercados. Além disso, vetou uma lei para aumentar o orçamento das universidades, por considerar que colocaria em causa o equilíbrio das contas públicas.
Em termos de política externa, o presidente da Argentina anunciou intenções de se aproximar dos EUA e Israel. Foi o primeiro chefe de estado estrangeiro a reunir-se com Donald Trump após a vitória nas eleições norte-americanas a 5 de novembro. E num discurso, a 22 de novembro, considerou que Israel, juntamente com os EUA, era o "mais importante parceiro geopolítico" da Argentina.
Dos investimentos na segurança, destaca-se a compra de 24 caças F-16 à Dinamarca, e em agosto, foi anunciada pelo presidente "a criação de uma unidade que utilizará inteligência artificial (IA) para prever crimes".
"Em termos de segurança, a Argentina tornou-se um banho de sangue. Os criminosos ficam em liberdade enquanto os bons argentinos ficam presos atrás das grades," disse Milei durante o discurso da tomada de posse, em 2023. De acordo com a agência AFP, registou-se uma diminuição na taxa anual de homicídios na cidade de Rosário (Santa Fé, norte) em 62%.
No que diz respeito às alterações climáticas, Javier Milei tem vindo a negar a sua existência e disse acreditar que as medidas para mitigar o aquecimento global fazem parte da agenda politizada da ONU. No mês passado, ordenou a retirada da delegação argentina da COP29 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), em Baku, no Azerbaijão.
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