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Lula da Silva toma posse: "Hoje a mensagem é de esperança e reconstrução"

O novo presidente tomou posse este domingo. O antecessor, Jair Bolsonaro, viajou para os EUA e não vai entregar a faixa ao novo líder do Brasil. No seu discurso, Lula criticou duramente o governo de Bolsonaro.

Lula da Silva desfilou este domingo à tarde, em Brasília, com milhares de apoiantes nas ruas. No Congresso, onde tomou posse, Lula fez o seu primeiro discurso como presidente do Brasil.

REUTERS/Ueslei Marcelino

O presidente brasileiro agora empossado assinou o decreto de tomada de posse com uma caneta que lhe foi oferecida em 1989 num comício em Piauí. "Foi-me dada para assinar a tomada de posse. Esqueci-me dela em 2002 e em 2006, mas agora encontrei a caneta e é uma homenagem ao povo de Piauí", referiu Lula da Silva.

Dezasseis minutos depois do início da cerimónia, Lula da Silva falou pela primeira vez no seu terceiro mandato como presidente. "Pela terceira vez compareço neste Congresso Nacional para agradecer a confiança do povo brasileiro. Se estamos aqui hoje é graças à consciência democrática da sociedade brasileira."

Elencando as ameaças à democracia que atribuiu à ação do seu antecessor, Jair Bolsonaro, que não esteve presente, Lula partiu depois para um discurso de união do Brasil. "Hoje a mensagem é de esperança e reconstrução."

"Vinte anos atrás quando fui eleito pela primeira, iniciei o meu discurso com a palavra mudança", recordou. "Disse naquela ocasião que a minha missão estava cumprida quando cada brasileiro pudesse fazer três refeições por dia. Quero reafirmar este objetivo depois do aumento da pobreza."

O novo presidente denunciou que a Educação, a Saúde, a Ciência e Tecnologia tinham sido "delapidadas". "É sobre estas terríveis ruínas que assumo o compromisso de reerguer este país." Lula da Silva prometeu mostrar o relatório de transição do governo de Jair Bolsonaro a todos os brasileiros para "que cada um faça a sua avaliação".

O líder do PT anunciou já apoio para combater a fome no Brasil. "Não podemos pedir paciência a quem fome." Lula anunciou um "Bolsa Família Renovada", um novo pacote de apoio às famílias mais carenciadas.

Em mais um ataque ao estilo de liderança populista de Jair Bolsonaro, Lula quis dizer como o seu governo vai agir. "Ao ódio responderemos com amor, à mentira com a verdade, ao terror com as leis", garantiu Lula que apelou ainda: "Democracia para sempre".

Lula anunciou ainda que vai retomar as parcerias internacionais e que revitalizar a economia, apelando ao papel central do "consumo popular", anunciando uma valorização permanente do salário mínimo.

O novo presidente não esqueceu o ambiente. "A nossa meta é alcançar o desmatamento zero na Amazónia", mas também defendeu a inovação verde, transição energética e a recuperação de solos para as pastagens.

Com os ministérios dos Povos Indígenas, o da Igualdade Racial, o das Mulheres e o dos Direitos Humanos, Lula antecipa uma vontade de unir o país, nas suas várias vertentes, respondendo a várias fações discriminadas.

Um dos momentos mais aplaudidos no Congresso Nacional foi o anúncio do fim da liberalização do porte de armas. "O Brasil não precisa de mais armas nas mãos do povo."

O discurso ainda teve uma palavra para a defesa da liberdade de culto. "Todos vão poder exercer a sua religiosidade livremente."

A pandemia e as suas quase 700 mil vítimas não foram esquecidas e Lula prometeu apurar as responsabilidades da resposta curta que o Brasil deu na vacinação e no apoio médico, classificando de "criminosa" a atuação "de um governo negacionista". "As responsabilidades pelo genocídio serão apuradas."

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