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Lista dos cientistas mais citados do mundo excluiu mil investigadores devido a fraude

Luana Augusto
Luana Augusto 27 de novembro de 2023 às 13:33
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Universidades da Arábia Saudita terão pago até 70 mil euros por ano a cientistas que as registassem como sedes de investigação. Escândalo foi revelado pelo jornal El País.

Mais de mil cientistas foram excluídos da prestigiosa lista dos mais citados do mundo depois de os critérios de elegibilidade terem sido apertados. Tal ocorreu depois de o jornal espanhol El País ter revelado que a Arábia Saudita estaria a pagar a cientistas para que registassem universidades sauditas como os seus locais principais de investigação, mesmo que tal não correspondesse à verdade. Depois de a multinacional Clarivate, que gera a lista, ter adequado os seus critérios, o país do Médio Oriente perdeu 30% dos seus investigadores na lista. 

Saudi Press Agency/Handout via REUTERS

A lista conta com 7 mil cientistas que são os mais citados pelos seus pares, um indicador de excelência. Ao consultar a base, surgem 19 investigadores portugueses, por exemplo. 

"As universidades sauditas registaram um declínio drástico no número de académicos altamente citados. Não se trata de um declínio natural, mas sim do impacto da investigação doEl Paíse dos próprios relatórios da SIRIS Academic", afirmou o especialista suíço, Yoran Beldengrün, autor do Relatório Académico da SIRIS, empresa que presta consultoria a instituições académicas em todo o mundo.

A Universidade Rei Abdulaziz, com sede em Jeddah, foi a mais afetada. Segundo os dados da própria instituição, os 31 cientistas que eram frequentemente citados passaram a apenas 12, o que revela uma queda de 50 lugares na lista dosrankings. "A Universidade Rei Abdulaziz desaparecerá do top 200. A Universidade Taif desaparecerá do top 300, e a Universidade Princesa Nourah Bint Abdulrahman, de acordo com os nossos cálculos, desaparecerá do top 400."

Esta queda vai assim contra um dos objetivos do príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman, que terá sido segundo os Estados Unidos o responsável peloassassinato do jornalista Jamal Khashoggi. Pretendia ter pelo menos cinco universidades sauditas entre as 200 melhores.

Entre os académicos retirados da lista, relata o El País, encontra-se Gunasekaran Manogaran, que alegadamente construiu uma megafábrica de estudos científicos fraudulentos produzidos em massa. A este juntam-se ainda os espanhóis Rafael Luque, que este ano publicou um estudo a cada 37 horas, Damià Barceló, que havia afirmado pertencer à Universidade Rei Saúd, quando na realidade trabalhava num instituto de investigação em Espanha, e ainda Rubén Domínguez, que afirmou trabalhar na Universidade Rei Abdulaziz, embora trabalhasse na Galiza. 

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