O Kremlin acusou hoje Alexei Navalny de sofrer de "delírios de perseguição", após a publicação de um texto em que o oposicionista russo voltou a acusar os serviços de segurança de Moscovo de envenenamento.
"Permito-me a expressar uma opinião pessoal: [Navalny] sofre manifestamente de uma doença, de um delírio de perseguição e (...) apresenta sintomas de megalomania", disse, em conferência de imprensa, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Navalny, ativista anticorrupção e membro da oposição ao regime russo, disse que "enganou, pelo telefone, um agente dos serviços de informações e segurança da Rússia (FSB) para o fazer admitir que tinha sido vítima de envenenamento na Sibéria".
No portal que mantém na internet, Navalny publicou o registo de uma conversa com Konstantin Koudriavtsev, apresentado pelo opositor russo como especialista em armas químicas a trabalhar para o FSB.
Navalny não apresenta provas da identidade do interlocutor.
De imediato, o FSB afirmou que se trata de uma "falsificação" e de uma "provocação".
Para Dmitri Peskov, a publicação "não pode descredibilizar" os serviços de informações e segurança.
"O FSB desempenha uma função muito importante: protege-nos contra o terrorismo (...) e funciona bem e forma eficaz", acrescentou Peskov.
Entretanto, a Rússia anunciou hoje novas sanções contra responsáveis europeus, em represália contra as medidas adotadas em outubro pela União Europeia após as informações sobre o suposto envenenamento do oposicionista russo Alexey Navalny.
Criticando as sanções europeias que visam desde outubro vários altos responsáveis russos, a diplomacia de Moscovo indicou que "vai alargar a lista de representantes dos países membros da União Europeia que vão ser impedidos de entrar no território da Federação Russa".
As autoridades não identificaram a lista de visados pelas sanções.
Hoje, responsáveis franceses, alemães e suecos na Rússia foram chamados ao Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, que criticou abertamente os três países pelas posições sobre o presumível caso de envenenamento de Navalny.
De acordo com a agência Ria Novosti, o embaixador de França e representantes das embaixadas da Alemanha e da Suécia foram chamados ao ministério.
Os três países afirmaram terem identificado uma substância nervosa do tipo Novitchok no corpo do dirigente da oposição russa, facto que impulsionou a aplicação de sanções do bloco europeu contra Moscovo.
Navalny sentiu-se mal e desmaiou a 20 de agosto durante um voo doméstico na Rússia e foi transportado dois dias depois em coma para a Alemanha para ser tratado.
Laboratórios na Alemanha, França e Suécia, assim como a Organização para a Proibição de Armas Químicas demonstraram que fora exposto a um agente neurológico Novichok da era soviética.
As autoridades russas têm rejeitado todas as acusações de envolvimento no envenenamento.