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Kiev vai usar minas proibidas. Moscovo lança mísseis intercontinentais

Leonor Riso
Leonor Riso 21 de novembro de 2024 às 09:23
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Escalada de armamento ocorre após anúncios de Biden. Disparo de míssil intercontinental, que pode transportar ogivas nucleares, surge após alteração da doutrina nuclear do Kremlin.

É a segunda grande decisão de Biden sobre a Ucrânia após a eleição de Trump: depois dos mísseis de longo alcance, os EUA anunciaram que irão dar à Ucrânia minas antipessoais para travar os avanços russos. Esta quinta-feira, a Rússia também anunciou o uso de um míssil intercontinental contra a Ucrânia. 

Russian Defense Ministry Press Service via AP, File

O disparo foi feito da região de Astrakhan e foi a primeira vez que a Rússia usou uma arma tão poderosa e de alcance superior durante a guerra. O ataque surge depois de Kiev ter recorrido a mísseis britânicos e norte-americanos de longo alcance contra alvos dentro da Rússia, algo que fez com que Moscovo mudasse a doutrina nuclear. 

O ataque russo atingiu empresas e infraestruturas críticas em Dnipro, mas Kiev não foi clara sobre os danos sofridos. 

Os mísseis intercontinentais têm um alcance de milhares de quilómetros e podem transportar ogivas nucleares, apesar de também poderem ter ogivas convencionais.

Kiev vai usar minas antipessoais norte-americanas em território ucraniano

A Ucrânia comprometeu-se a usar as minas antipessoais em território ucraniano, segundo a Associated Press. Lloyd Austin, o secretário da Defesa dos EUA, adiantou que o uso destas armas, proibidas por 150 países, sao necessárias para contrariar as tácticas de Moscovo. 

A Amnistia Internacional considera a decisão "imprudente" e um "retrocesso profundamente dececionante". Contudo, a Rússia também usa minas na Ucrânia. 

Até agora, no terreno, a Rússia tem conseguido contrariar as forças ucranianas na região de Donetsk, e os civis ucranianos sofrem ataques com drones e mísseis. Os avanços russos são feitos por tropas terrestres individuais, não tanto por tropas auxiliadas por veículos blindados. Segundo Lloyd Austin, a Ucrânia "precisa de coisas que possam abrandar esse esforço" russo. 

Lloyd Austin ressalvou que a Ucrânia já faz as suas minas, e que os EUA já enviaram minas antitanque à Ucrânia. Além disso, estas minas antipessoais não são persistentes e permitem a autodetonação, quando as tropas o desejarem: "Isso torna-as muito mais seguras do que o que eles estão a fabricar." As minas são alimentadas por uma bateria e quando esta se esvazia, não detonam. Podem ficar inertes entre quatro horas e duas semanas. 

A administração Biden diz estar comprometida a ajudar a Ucrânia o máximo possível antes que ele saia do cargo, e por isso, também anunciou que pretende cancelar metade da dívida (cerca de 4,6 mil milhões de dólares, ou 4,4 milhões de euros) aos EUA. A decisão terá que passar pelo Congresso, mas Biden conta com o apoio bipartidário à Ucrânia. Além disso, vai avançar com um pacote de 275 milhões de dólares (261 milhões de euros). 

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